Conforme a hEDGEpoint Global Markets, empresa de gestão de risco e hedge de commodities agrícolas e energéticas, a previsão é de redução do “mix” da cana-de-açúcar destinada ao açúcar para 42,8%. Isso devido aos bons preços do etanol para as unidades, além da recuperação na paridade com a gasolina.
Com essa redução, as unidades do Centro-Sul do Brasil produzirão 1,1 milhão de toneladas a menos de açúcar, ficando a estimativa revisada para 31,4 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 2,2% em relação ao ciclo anterior, e a menor produção desde 2019/20 (26,8 milhões de toneladas).
A empresa de análise estima um cenário apertado a safra mundial que termina em outubro/setembro) com déficit de 0,9 milhão e de 0,5 milhão de toneladas para a temporada 2022/23. Isso devido a uma produção maior do alimento no Hemisfério Norte que diminuirá o impacto da redução da produção do açúcar no Brasil.
No caso do biocombustível, a previsão é de produção do hidratado de 17,7 bilhões de litros, representando um crescimento de 3,4 bilhões de litros ante a safra passada. Já a produção de etanol anidro deverá ter queda, ficando em 8,2 bilhões de litros em 2022/23 no Centro-Sul. Na safra 2021/22 a produção do anidro ficou em 9,9 bilhões.
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O Rabobank alertou que a guerra na Ucrânia e suas consequências para os preços do petróleo, assim como a política de preços da Petrobras, ainda deixam incertezas sobre a evolução da arbitragem açúcar/etanol. Mas o banco prevê um mix de 45% para o açúcar, com uma moagem de cana de 560 milhões de toneladas e uma produção de 33,6 milhões de toneladas de açúcar, o que representa um volume um pouco acima do ciclo anterior.
Já a Archer Consulting ressalta que a safra 2022/23, no que diz respeito ao açúcar, está equacionada, visto que há um alto volume de fixações, acima de 20 milhões de toneladas de açúcar, que devem se converter em exportação física do produto, pois existem contratos lastreando esses hedges.
“A migração de açúcar para a produção de etanol hidratado, ainda que em parcela pequena, não pode ser descartada, por meio de washout, condição prevista na maioria dos contratos internacionais de commodities. Nela, o vendedor negocia a recompra do produto que não pode ou não quer entregar. O início da safra deve diminuir essa possibilidade. Mas, vale observar de perto”, explica Arnaldo Corrêa, diretor da consultoria.
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“Com tantas incertezas sobre a mesa e a preocupação acerca do custo de produção desta safra que se inicia com 80% do açúcar fixado a um preço médio de R$ 2,178 vis-à-vis um custo de produção da safra anterior de R$ 1,590 (base 31/janeiro), é apenas natural que a 23/24 fique em espera até que os fragmentos formem uma figura mais nítida”, conclui o consultor.