A Unica projetou para a safra 2017/18 no Centro-Sul queda de 22,14 milhões de toneladas em comparação com a safra passada, com estimativa de 585 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
Segundo a entidade, a queda é reflexo de dois fatores, a retração na área disponível para colheita e a possível diminuição da produtividade agrícola nos canaviais para esta safra.
A redução na quantidade de cana bisada e o envelhecimento dos canaviais são os principais motivadores desta possível queda na produtividade, segundo a Unica.
Resumo – Projeção Unica safra 2017/18
Moagem: 585 milhões de toneladas, queda de 3,62%
Açúcar: 35,20 milhões de toneladas, redução de 1,2%
Etanol: 24,70 bilhões de litros, retração de 3,71%
Safra açucareira
A projeção da Unica para esta safra é que 46,99% da matéria-prima deverá ser destinada à produção de açúcar.
A produção de açúcar está projetada em 35,20 milhões de toneladas, ligeira queda de 1,2% no comparativo com as 35,63 milhões de toneladas a registradas na safra 2016/17.
A queda na produção da commodity ocorre pela menor quantidade de matéria-prima, mesmo com o aumento observado na capacidade instalada de cristalização no Centro-Sul.
Para o etanol, são projetados 24,70 bilhões de litros, retração de 3,71% no comparativo com os 25,65 bilhões verificados na safra 2016/17. Deste volume, 10,84 bilhões serão de etanol anidro e 13,86 bilhões de litros de hidratado.
A produção estimada de etanol incorpora mais de 300 milhões de litros fabricados no Brasil a partir de milho. Com efeito, o volume produzido de etanol de milho no ciclo 2016/2017 totalizou 234,15 milhões de litros, sendo 36,64 milhões de litros de etanol anidro e 197,51 milhões de litros de hidratado.
O volume de produção projetado, associado a um crescimento de 0,50% previsto para o consumo de combustíveis leves no País, apontam para uma retração próxima de 600 milhões de litros das vendas de etanol hidratado carburante na safra 2017/2018 em relação ao ciclo anterior. No caso do anidro, a estimativa indica um crescimento superior a 200 milhões de litros para o mesmo período.
No que tange à exportação do biocombustível pelo Centro-Sul, esta deve totalizar cerca de 1,10 bilhão de litros no ciclo 2017/2018, abaixo do volume registrado em 2016/2017 (1,36 bilhão de litros).
Usinas
Para a Unica, a capacidade de moagem e o número de usinas em operação não devem sofrer alterações significativas na safra 2017/18.
Levantamento conduzido pela UNICA e demais sindicatos do Centro-Sul indica que duas unidades fechadas nos últimos anos devem ser reativadas no ciclo que se inicia, sendo uma no Estado de São Paulo e outra no Mato Grosso do Sul.
Em contrapartida, quatro unidades que operaram na última safra não devem processar cana em 2017. Devido à baixa oferta de matéria-prima, essas empresas decidiram direcionar a cana-de-açúcar para processamento em outras plantas industriais.
ATR
A projeção para a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana é de 134,40 kg na safra 2017/2018, contra 133,03 kg verificados no último ano.
Canaviais e produtividade
Em seu relatório de estimativa de safras, a entidade apontou uma redução de aproximadamente 1,5% na área disponível para colheita na safra 2017/18, motivado pela estagnação da área cultivada e da maior renovação do canavial com plantio de 18 meses.
A entidade afirma um crescimento de crescimento de 45,12% na área de cana plantada entre dezembro de 2016 e março deste ano, quando comparado registrado no mesmo período dos anos anteriores. O maior plantio foi estimulado pela necessidade de renovação do canavial e pelos preços mais remuneradores observados ao longo do ciclo 2016/17.
No ciclo 2016/17, quase 8% da área colhida foi representada por cana bisada, cujo rendimento agrícola médio atingiu 97,19 toneladas por hectare. Já para a safra 2017/2018, este percentual deve totalizar cerca de 1%, reduzindo, portanto, o efeito positivo dessa variável sobre a produtividade média do canavial colhido no Centro-Sul.
No tocante ao envelhecimento do canavial, no último ano a área de reforma e de expansão da lavoura respondeu por apenas 14,5% da área colhida, muito aquém dos 18% que deveriam ser observados em uma condição regular de produção. Como resultado, a idade média do canavial disponível para a colheita no ciclo 2017/2018 aumentou: saltou de 3,55 anos registrados na safra 2016/2017, para 3,72 anos na 2017/2018.
O efeito do envelhecimento da lavoura e da menor proporção de cana bisada sobre o rendimento agrícola deve ser atenuado pelas melhores condições climáticas observadas até o momento em diversas regiões canavieiras e pela retomada dos tratos culturais em níveis satisfatórios ao longo do último ano. Adicionalmente, no ciclo 2016/2017 a produtividade agrícola foi impactada pela geada que acometeu parte dos canaviais – fenômeno que, a princípio, não deve ocorrer nessa nova safra.
Como consequência direta da conjunção de todos esses elementos supramencionados, o rendimento esperado para a área a ser colhida no ciclo 2017/2018 apresenta queda de aproximadamente 2% na comparação com o último ano, quando alcançou 76,64 toneladas de cana por hectare.