A Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento Sucroenergético (Ridesa) lança neste ano, 21 variedades de cana-de-açúcar. Trata-se da terceira liberação nacional feita pela instituição e que coincide com o período de comemoração dos 50 anos de variedades RB e 30 anos da Ridesa, completamos em 2020, mas devido à pandemia, foi postergada para este ano.
As novas cultivares são indicadas para diferentes ambientes de produção, sendo quatro delas desenvolvidas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); cinco pela Federal de São Carlos (UFSCar); seis pela Federal de Alagoas (UFAL), uma pela Federal de Goiás (UFG); uma pela Federal de Viçosa (UFV); uma pela Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e três pela Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Criada entre 1990 e 1991, a Ridesa substituiu o Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-açúcar (Planalsucar), implantado pelo Governo Federal na década de 70, com o objetivo de promover a melhoria dos rendimentos da cultura, tanto no campo quanto na indústria.
A partir de 90, com a sua extinção, a Ridesa, formada por dez universidades, assume o papel de instituição pública para o desenvolvimento do programa de pesquisa com melhoramento genético e desenvolvimento de novas cultivares de cana. Atualmente, a Ridesa é conveniada com 298 usinas no Brasil, o que representa, aproximadamente, 80% das empresas brasileiras produtoras de cana, açúcar, etanol e bioeletricidade.
“Ao todo, considerando os 50 anos de pesquisa de melhoramento genético, desde a criação do Planalsucar, já foram lançadas 114 variedades de cana, sendo 60 a partir da criação da Ridesa. Muitas dessas variedades tiveram e tem
muita representação em áreas cultivadas, como a RB867515, que é a mais cultivada no país. Desenvolvida na Universidade Federal de Viçosa, em 1998, faz parte de uma série cujo desenvolvimento iniciou no Planalsucar. Como também as variedades RB966928 e RB92579. A RB966928 desenvolvida pela UFPR foi liberada em 2010 e está presente em 13% da área nacional cultivada com cana-de-açúcar e a RB92579 desenvolvida pela UFAL foi liberada em 2003 e está presente em mais de 9% da área nacional, explicou o coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar na UFPR, professor Ricardo Augusto de Oliveira.
Oliveira explica que o processo de melhoramento genético desde o início das pesquisas até a descoberta de uma nova variedade de cana-de-açúcar leva 15 anos, em média. Ao falar sobre as novas variedades, o professor ressalta que algumas estão em áreas de validação comercial e outras já começaram a entrar em áreas comerciais nas usinas. Há cultivares com alto teor de sacarose, outras precoces para início de safra, para meio e final de safra e também há variedades mais rústicas, recomendadas para ambientes de mais restrição ambiental, ou seja, com menor fertilidade do solo e menor disponibilidade hídrica, com boa tolerância a seca.
“A RB006970 tem alto teor de sacarose e apresenta um período de colheita maior, podendo ser colhida do início ao meio de safra. Ela é recomenda para cultivo em ambientes de alta a média fertilidade, com melhores resultados quando cultivada em solos com boa retenção de umidade. Já a variedade RB036152 tem resultados melhores em solos de média à baixa fertilidade. Ao longo dos cortes, ela apresenta elevados rendimentos agrícolas e possui teor de sacarose de médio a alto”, afirma Ricardo. Essas variedades foram desenvolvidas pela UFPR.
Outros destaques são para a RB108519, desenvolvida pela UFRRJ, uma variedade rústica, que tem alto potencial produtivo e tolera períodos de veranico. A RB961003, desenvolvida pela UFAL, que tem uma alta resposta à irrigação, e a RB041443, que está com grande expansão para áreas comerciais em Pernambuco, desenvolvida pela UFRPE.
A cultivar RB005014 com excelentes resultados de produtividade e sanidade, tem apresentado excelente colheitabilidade e a RB975033 com elevado teor de sacarose e recomendada para ambientes restritivos, desenvolvidas pela UFSCar.
Tem também a cultivar RB064292 com elevada produtividade agrícola e excelente perfilhamento, indicada para o meio de safra, obtida pela UFG e a cultivar RB987917 recomendada para ambientes favoráveis e com período de colheita no meio ao final da safra, desenvolvida pela UFV, entre outras que poderão contribuir com o setor sucroenergético do Brasil.