Documento elaborado pelo Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), aponta que setor de açúcar e etanol registrou menor produtividade da década em 2021/22 — mas menor oferta ajudou a manter preços elevados
Segundo o relatório, esta foi a menor moagem da década, registrando também uma produtividade inferior e redução da área colhida, com a cana perdendo espaço para outras culturas. A entidade prevê que, até 31 de março, serão colhidas 525 milhões de toneladas, uma queda de 13,3% ante o ciclo anterior.
Para completar, os custos de produção também bateram recordes na safra, chegando a ficar acima da inflação. O Pecege destaca os aumentos do diesel, insumos agrícolas e industriais, mão-de-obra e o preço da matéria-prima. Entretanto, as usinas ainda conseguiram manter uma margem de lucro, afinal os produtos também tiveram acréscimos no preço de venda.
Além disso, de acordo com os dados do instituto, usinas com maior porcentagem de cana própria se beneficiaram com geração de caixa no ciclo, uma vez que a matéria-prima vinda de terceiros teve grandes aumentos.
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Assinado pelo gestor de projetos do Pecege, Haroldo Torres, e os analistas, Beatriz Ferreira e Peterson Arias Santos, o relatório utilizou como base números da União da Indústria da Cana-de-açúcar (UNICA). Para os dados da safra 2021/22 foram considerados o acumulado até janeiro deste ano.
A amostra contou com 39 grupos econômicos, que representavam 80 unidades agroindustriais, localizadas em oito estados do Centro-Sul. Juntas, as usinas analisadas pelo Pecege processaram 192 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o que seria equivalente a 37,1% da moagem total dos estados.
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Para a análise, a entidade considerou todas as variáveis do ciclo 2021/22, como a alta dos preços dos produtos, e também os custos de produção, que foram pressionados principalmente devido à falta de insumos no mercado, os problemas meteorológicos do ano e a taxa de câmbio desvalorizada.