As mudanças climáticas e a necessidade de os governos incentivarem o uso de combustíveis e energias renováveis, aliadas à demanda mundial crescente pelo açúcar, poderão estimular o crescimento da safra de cana-de-açúcar em Minas Gerais na década de 2016/2026.
De acordo com o estudo “Projeções do Agronegócio – Minas Gerais 2016 a 2026”, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), no período é esperado incremento de 31,32% na produção de cana-de-açúcar, somando 91,48 milhões de toneladas.
Além da Seapa, participaram da elaboração do estudo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O cenário para a cana-de-açúcar é positivo, observa o superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa, João Ricardo Albanez.
“Nos últimos anos, o setor sucroalcooleiro sofreu perdas financeiras que comprometeram a capacidade de investimentos. Com a redução do ICMS, em 2015, e a demanda em alta pelo açúcar, em 2016, o setor conseguiu melhores resultados. O estudo mostrou que Minas Gerais tem grande aptidão na produção e mercado para os produtos”, disse.
O Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar mostrou que Minas Gerais tem um potencial de 11,3 milhões de hectares de áreas aptas ao cultivo e, em destaque, está a região Noroeste do Estado, onde a atividade apresenta elevada expansão. Hoje, a área ocupada com a cana é de 904 mil hectares, espaço que até 2026 pode alcançar 1,21 milhão de hectares, alta de 3% ao ano e de 34,38% na década.
Em relação à produção, o crescimento em Minas Gerais pode chegar a 31,32% em 10 anos, somando 91,48 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Em 2016, a produção foi estimada em 69,6 milhões de toneladas.
Na safra de 2016, as maiores produções se concentraram na região do Triângulo, com destaque para os municípios de Uberaba, Frutal, Santa Vitória, Conceição das Alagoas e Campo Florido, representando 30,1% da produção do Estado.
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Exportações – A projeção indica que a demanda pelo açúcar continuará em alta. A previsão é de que as exportações, nos próximos dez anos, passem de 2,7 milhões de toneladas para 4 milhões toneladas em 2026, o que representará um crescimento anual de 4,1% e variação de 49,1% na década.
Os embarques de etanol também tendem a crescer, passando de 66,2 mil toneladas em 2016 para 94,4 mil toneladas em 2026, o que representa uma taxa média de crescimento anual de 3,6% e de 42,6% na década. A projeção de importação de etanol no período é pouco significativa, 82 toneladas.
No mercado interno, o compromisso assumido pelo Brasil em adotar medidas de combate às mudanças climáticas na 21ª Conferência do Clima (COP 21) prevê aumentar a participação de bioenergia sustentável na matriz energética brasileira para aproximadamente 18% até 2030, expandindo o consumo de biocombustíveis, aumentando a oferta de etanol, inclusive por meio dos biocombustíveis avançados (segunda geração). Caso as medidas sejam realmente adotadas, haverá estimulo à produção de cana.
Outros mercados – O estudo ressalta que a expansão da produção de cana também será estimulada pelo maior uso do produto na alimentação animal e na fabricação de cachaça, açúcar mascavo, rapadura e melado.
No caso da alimentação animal, a cana tem se apresentado como alternativa mais barata e de maior potencial produtivo que outras forragens no período seco do ano. A melhoria da qualidade da cachaça produzida em Minas Gerais tem promovido o crescimento da produção e estimulado o plantio.
Uso crescente da cana-de-açúcar, tanto no mercado interno como no externo, também foi verificado na produção de rapadura, açúcar mascavo e melado, que são produtos resultantes de processo artesanal de fabricação.
As informações são do Diário do Comércio.
