O relatório da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) sobre o desempenho da safra 2014/15 no Centro-Sul na primeira quinzena de outubro trouxe duas notícias ruins para as usinas. A primeira é que a produção de açúcar aumentou, o que pressionou os futuros já combalidos da commodity na bolsa de Nova York. A segunda é que, apesar de todos os esforços do setor e dos preços convidativos do etanol hidratado, que é usado diretamente no tanque dos veículos, o motorista brasileiro parece relutante em deixar de usar a gasolina.
Nos primeiros 15 dias de outubro, a ausência de chuvas permitiu uma moagem acelerada de cana, o que resultou em mais oferta de açúcar e etanol. A produção da commodity cresceu 24,17% no período, e, no acumulado da safra, superou em 0,72% o produzido em mesmo intervalo de 2013/14.
Mesmo com os sinais de que a atividade das usinas do Centro-Sul deve arrefecer nas próximas quinzenas, o mercado em Nova York reagiu com pessimismo. Os contratos da açúcar para março caíram 2,06%, ou 34 pontos, a 16,16 centavos de dólar por libra-peso, o menor valor desde 2 de outubro.
Diante do momento ruim do açúcar, as usinas apostavam suas fichas no etanol, mas o consumo parece não estar reagindo. Assim como vem acontecendo desde o início da safra, em maio, a venda de hidratado pela indústria na primeira quinzena do mês caiu 1,82%, para 611,9 milhões de litros. No acumulado da temporada, a venda de hidratado caiu 4,8%, para 7,053 bilhões de litros. A expectativa do setor é de que o consumo mensal de hidratado saia do patamar de 1,1 bilhão de litros para níveis entre 1,2 bilhão e 1,3 bilhão de litros para escoar toda a oferta até abril do ano que vem, quando começa a moagem da nova safra.
A perspectiva, porém, é de que a quebra agrícola em São Paulo aumente nas próximas quinzenas e que a safra seja finalizada logo. Até 15 de outubro, 22 usinas haviam concluído a moagem, ante seis em igual período do ano passado.
(Fonte: Valor Econômico)