Os preços do açúcar cristal recuaram em agosto, principalmente devido à concentração das negociações envolvendo o cristal tipo Icumsa 180, que vem sendo mais ofertado nesta safra 2022/23 a valores mais baixos.
Já a disponibilidade do cristal tipo Icumsa 150 seguiu restrita, e os preços mantiveram-se firmes, uma vez que usinas já venderam boa parte da produção deste tipo de açúcar via contratos, tanto para o mercado interno quanto para o externo.
“Outro fator para a queda dos preços no mês foi o recuo da demanda, visto que compradores afirmaram ter estoques suficientes para continuar a produção. Além disso, há expectativa de aumento no mix de produção para o açúcar pelas usinas de São Paulo, considerando que a redução na alíquota de impostos sobre a gasolina diminui a competitividade dos preços do etanol”, divulgou o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em análise sobre o mês de agosto.
De acordo com o documento, o Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) recuou 4,86% em agosto, fechando a R$ 125,07/saca de 50 kg no dia 31. A média mensal foi de R$ 128,87/saca de 50 kg, próxima da registrada em julho (R$ 128,86/saca de 50 kg) e 0,35% acima da média de agosto/2021 (R$ 128,43/saca de 50 kg), em termos nominais.
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No Nordeste, as negociações no mercado spot em agosto seguiram em ritmo lento, e os preços ficaram estáveis. Compradores adquiriram o produto de forma pontual, à espera de queda nos valores, fundamentados no aumento no número de usinas que iniciam a moagem da nova safra 2022/23.
Dados compilados pela Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio) indicam perspectivas positivas para a safra 2022/23 do Norte-Nordeste. Segundo cálculos da entidade, a região que congrega 35 usinas em 11 estados brasileiros, deverá moer 57 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume superior à produção de 54 milhões de toneladas registradas na safra 2021/22.
Em uma primeira estimativa para o Nordeste, a NovaBio projeta moagem de: 19,5 milhões de toneladas em Alagoas; 14 milhões de toneladas em Pernambuco; 6,3 milhões de toneladas na Paraíba; 5,2 milhões de toneladas na Bahia; 3,1 milhões de toneladas no Rio Grande do Norte; 2,5 milhões de toneladas no Maranhão; 1,5 milhão de toneladas no Piauí e 1,9 milhão de toneladas em Sergipe.
Em agosto/22, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ para Pernambuco foi de R$ 154,52/sc de 50 kg, altas de 0,10% frente a julho/22 e de 18,03% em relação a agosto/21, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 151,45/sc, baixa de 0,36% na comparação com julho/2022, mas aumento de 15,30% em um ano, também em termos nominais.
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Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 151,14/sc, recuo de 0,61% em relação a julho, mas elevação de 16,12% frente a agosto/2021.
“No contexto externo, as cotações do açúcar demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foram pressionadas pela redução dos preços da gasolina no mercado brasileiro, uma vez que isso gera expectativas de que as usinas nacionais possam aumentar o mix de produção favorecendo o açúcar, ampliando sua oferta ao mercado internacional. Além disso, existe a expectativa de superávit na produção mundial do produto, tanto para a atual temporada 2021/22 (que se encerra no final de setembro) quanto para o ciclo 2022/23. Contudo, a boa demanda no cenário mundial e a seca prolongada na Europa e na região Centro-Sul do Brasil deram suporte às cotações de açúcar”, informa o centro.
Cálculos do Cepea indicaram ainda que, em agosto/2022, as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 6,89% a mais que as externas. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Outubro/22 na Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 92,00/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 54,43/toneladas.