Empregado como indicador para venda de energia elétrica cogerada da biomassa no mercado spot, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) desafia qualquer planejador do setor sucroenergético.
Os responsáveis pelo processo de cogeração das usinas termelétricas (UTES) sabem que o PLD varia conforme duas métricas: a fraca demanda por energia elétrica e a alta na capacidade dos reservatórios das hidrelétricas.
Quanto mais essa métricas avançam, menor é o valor do PLD, cuja variação é semanal e gerida pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
As últimas fixações do PLD, entretanto, desafiam qualquer métrica. Entre o sábado (17/12) e a próxima sexta-feira (23/12), o valor médio do PLD está em R$ 142,93 o megawatt-hora (MWh).
Na semana anterior, o mesmo PLD valia médios R$ 121,56/MWh. Já na primeira semana de dezembro, o indicador valia médios R$ 182,86/MWh.
A variação chama a atenção, principalmente porque a demanda por eletricidade segue enfraquecida em um Brasil em recessão, e as chuvas estão no auge do pré-verão nas áreas de reservatórios das hidrelétricas.
Por que, então, o PLD varia tanto?
As regras de formação do indicador dependem de ajustes de um complexo complexo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Essa pode ser uma boa explicação. Conforme relata a CCEE, o PLD da semana passada foi ‘republicado e fixado’ em R 121,56/MWh em despacho da Agência.
A alta entre a semana anterior e a vigente decorre principalmente da queda nas afluências previstas para o Sistema Interligado Nacional (SIN) no mês de dezembro. Em outras palavras, há menos água entrando nos reservatórios das hidrelétricas.
Mas essa queda de enchimento, como se sabe, depende de chuvas que não são uniformes nas quatro regiões do País medidas para a formação do PLD. Está aí mais uma dúvida que incomoda os gestores das UTEs das usinas de cana.
Tecnicamente, a Aneel equaliza os valores do PLD quando os limites de intercâmbio entre os submercados (regiões) não são atingidos.
Daí os R$ 142,93/MWh valerem tanto nos estados da região Sudeste como nos do Norte.
Outra explicação para tanta variação do PLD é a oferta de eletricidade entregue ao sistema, o SIN. Para esta quarta semana de dezembro, por exemplo, a previsão de carga está 320 MWmédios mais baixa em relação à semana anterior.
Não é fácil dominar a complexa ‘teia’ de regras que forma o PLD. Mas entende-la é um desafio que qualquer gestor de UTE tem pela frente, principalmente se a economia brasileira retomar um pequeno crescimento e precisar, de hora para outra, de mais energia no spot.