A Tereos deu início à operação comercial de sua planta de biogás, em sua unidade Cruz Alta, na cidade de Olímpia – SP. Até 2030, o grupo pretende abastecer com biometano 100% da sua frota de cerca de 180 caminhões agrícolas.
Renato Zanetti, superintendente de Sustentabilidade, diz que o investimento na nova tecnologia faz parte dos planos da companhia de aproveitar 100% do potencial da cana-de-açúcar. Por ano, as sete usinas sucroenergéticas da Tereos recebem cerca de 15,6 milhões de toneladas de cana, que se tornam 1,4 milhão de toneladas de açúcar e 531 milhões de litros de etanol.
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“A produção de biogás é uma medida importante para expandir o uso de energia limpa e potencializar a presença da Tereos neste mercado. Além de reforçar nosso compromisso com a sustentabilidade, também estamos focados em ampliar os nossos negócios e oferecer qualidade por um preço competitivo ao consumidor final”, diz Gustavo Segantini, diretor comercial da empresa.
Além da planta piloto da Cruz Alta, que recebeu até agora investimentos de R$ 15 milhões, a companhia produz biogás na unidade da Tereos Amido & Adoçantes Brasil, empresa de processamento de milho e mandioca, localizada em Palmital – SP.
Em Olímpia, a planta tem uma lagoa que recebe 25 mil litros de vinhaça por hora. A capacidade instalada é de 1 GW por ano, com potencial de expansão de até 4 GW. Para a produção futura de biometano, o potencial da planta é de até 1,5 milhão de m³ por ano.
Das sete unidades do grupo, a usina de Cruz Alta é a que possui maior capacidade para a produção de vinhaça. Fator que aliado à sua localização, que poderá receber no futuro o subproduto de outras usinas, foi determinante para ser escolhida para abrigar o projeto piloto do biogás.
Seu terreno tem capacidade para receber mais 13 lagoas. Segundo Jonas Gutierrez, gerente corporativo da usina., apenas seis bastam para gerar o biometano necessário para substituir o consumo de 50 mil m³ por ano de diesel dos caminhões da empresa. O restante será destinado à venda. A usina já tem três veículos em testes, operando com 70% de diesel e 30% de biometano.
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O gerente de energia da Tereos, Samuel Custódio de Oliveira, destaca que a produção de biometano para substituir o diesel, reduz a dependência do país do mercado externo. “40% do diesel consumido no Brasil, vem do mercado externo, e sua substituição pelo biometano, além de contribuir para transição energética, substituindo uma fonte suja por uma renovável, também diminuí nossa dependência dos impactos inflacionários provocados pelo mercado externo”, explica.
Zanetti acrescenta que o refino do biogás na empresa está ligado não apenas à vontade de entender o mercado, mas acompanha também uma tendência de desenvolvimento de caminhões movidos 100% a biometano. “Hoje, é uma tecnologia muito cara, mas com certeza vai melhorar com mais adesões ao combustível renovável”, disse.
E tecnologia é um diferencial do Grupo Tereos, que é referência na utilização de tecnologias digitais em suas operações e está sempre aberta para inovações que proporcionem ganhos de eficiência e de produtividade. Atualmente, sete unidades do grupo já utilizam inteligência artificial em suas plantas industriais através do S-PAA, único software de Otimização em Tempo Real (RTO) para usinas de açúcar e etanol em todo o mundo.
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“Começamos com algumas unidades lá atrás, e a Tereos tem o perfil de ser um grande gerador de energia, e começamos primeiramente para melhorar a performance das nossas termelétricas. Hoje, passados uns 4 ou 5 anos, temos o S-PAA em todas as nossas plantas e não só na geração de energia. Temos o exemplo da unidade de Cruz Alta, que faz o balanço de processos em fábrica de açúcar, destilaria, enfim a gente hoje tem um indicador na empresa, que é a utilização do laço fechado. Uma vez que a planta de biogás está operando, e a gente colocar geração de energia, também podemos fechar um laço, para atender com melhor performance de vazão e estabilizar os processos que nós temos lá”, explicou Gutierrez.
Paralelamente à planta de biogás, a Tereos conta com a cogeração de energia elétrica, gerada a partir da biomassa de cana-de-açúcar de suas sete unidades.
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Ao todo, a companhia possui 444 MW de potência instalada, com potencial de exportação de cerca de 1.450 GWh para o sistema elétrico. A vinhaça e a torta de filtro, também são usadas como fertilizantes. Todas as unidades da companhia estão certificadas no programa RenovaBio e em outros programas.
A energia elétrica gerada pelo biogás começou a ser distribuída no mês passado para 85 clientes comerciais de baixa tensão, a partir de um contrato com a Lemon, uma startup de energia limpa, que é parceira da Ambev. “Essa parceria inaugura nossa entrada no mercado de geração distribuída. Para que esses clientes possam compensar a geração de energia, em suas instalações, adquirindo energia limpa e renovável, ao mesmo tempo em que gera emprego e renda, garantindo ainda uma economia estimada em 30% em suas contas de consumo”, disse o gerente de energia da Tereos, Samuel Custódio de Oliveira.
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Reforçando a importância da economia circular, o superintendente de Sustentabilidade, Zanetti, afirma que 100% da cana é aproveitada no negócio de produção de energia. Os investimentos em sustentabilidade incluem o aumento do uso de fertilizantes orgânicos nos canaviais, e o uso racional da água.
“Temos um trabalho voltado para a eficiência hídrica em todas nossas plantas, e trabalhamos também na recuperação de nascentes em nossas áreas de atuação. 50% do nosso endividamento, o correspondente a R$ 2 bilhões, está ligado a metas sustentáveis”, informou.
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A Tereos é a terceira maior produtora de açúcar no país e a sétima em etanol. Neste ano, com as novas certificações recebidas, a companhia deve exportar cerca de 25% do etanol produzido no Brasil para Europa e Califórnia. No mundo, a companhia é a quarta maior produtora de açúcar, com 44 unidades espalhadas pela Europa, Ásia, e África, além do Brasil. O faturamento global em 2021 atingiu 5,1 bilhões de euros. “Iniciamos como produtores prioritariamente de açúcar e estamos caminhando para a priorizar a produção de bioenergia”, afirmou Zanetti.