O combate às plantas infestantes é um dos principais desafios enfrentados pelos produtores da cana-de-açúcar. Em estudo recente entre um grupo de produtores, o colonião aparece na liderança, entre as ervas daninhas, que mais causam estragos no canavial. Seguido pela braquiária, cordas de viola, colchão, mucuna e mamona.
Além de competirem com a cultura por água e nutrientes, na colheita, elas ainda causam danos operacionais, colocando em risco não só a qualidade, como também a produtividade da cana. E para ajudar os produtores a vencer esta batalha é que entram em campo os herbicidas. Porém seu uso requer planejamento.
Com o preço do ATR, que abriu safra atual, fixado em R$ 1,24 o quilo, o que os produtores menos querem é perder a produtividade. “Precisamos surfar nessa onda de preço alto, e fazer qualidade de canavial para as próximas safras”, avalia Germano Caetano de Souza, engenheiro agrônomo e consultor de Tratos Culturais, da BP Bunge.
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“Lidamos com ativo biológico e estamos sujeitos a atividade climática. Na safra passada, fomos pegos por duas surpresas: a geada e a seca. A BP Bunge sempre vem olhando para o pior cenário, porém, as chuvas deste início de ano nos deixam mais animados. Mas já consideramos abril um mês seco. O primeiro terço da safra, incluindo o mês de abril, é o período de maior desafio para a aplicação de herbicidas”, explicou Souza.
Segundo ele, a matologia é importante aliada, porque através da identificação das ervas daninhas, auxilia no planejamento na aplicação dos herbicidas.
“Precisamos evitar a catação manual, é uma prática que temos que trabalhar para abolir das nossas operações”, disse. Formulação e tecnologia de aplicação, utilização de adjuvante, lavar a colhedora para mudar de área e manejo de herbicidas de acordo com a variedade da cana, são algumas das orientações dadas por Souza.
“É preciso uma aproximação das equipes que preparam as variedades com as que aplicam herbicidas. Não existe herbicida proibido, cada um tem seu espaço, cada um tem a sua entrega. O que a gente precisa, é fazer bem-feito lá no início da plantação, eliminar tudo, proteger, para não chegar no canavial”, destacou Souza, durante encontro realizado pelo Cana Tech Agro, do engenheiro agrônomo Michel Fernandes, onde um grupo de especialistas debateram sobre a utilização dos herbicidas nos períodos de seca.
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Nathalie Yamashita (Corteva) falou sobre a importância da seletividade. “Como vários outros parâmetros, talvez o principal, quando se fala em aplicação de herbicidas, trabalhar com herbicidas traz a condição de flexibilidade”.
João Henrique Perino (FMC) disse que o setor vem buscando essa recuperação de produtividade e a seletividade é um dos principais pilares no manejo de plantas daninhas. “Voltem a fazer matologia, é preciso voltar a medir produtividade. E a seletividade tem nos levado a maior produtividade”, argumentou.
Guilherme Yukio (Ihara), falou sobre o manejo da assertividade na escolha da ferramenta que se está utilizando. “Os produtos devem ter longo período residual, ser versátil e eficaz no controle das plantas daninhas”.
Edvaldo Gomes (UPL) citou que as folhas largas são um problema que vem desde 2004/2005, com a introdução da colheita mecanizada. Ele defendeu a utilização de produtos com residual longo, e que controlem a folha larga, destacando a importância do manejo, e da aplicação de doses adequadas.
Para Lupércio Garcia (Syngenta), com o crescimento dos grãos, a cana vem perdendo hectares, e um bom planejamento é fundamental nesse momento.
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Celso Luís da Silva (Sumitomo), disse que a rotação de uma leguminosa é fundamental para o manejo, sendo importante levar em consideração o resíduo de alguns herbicidas. “É preciso saber o que foi aplicado naquele solo, porque ninguém pode perder. A rotação é necessária”, alerta.
Para Rafael Feliciano (Basf), com relação a periodicidade “independente da molécula”, é evidente que quanto mais tempo de ação do herbicida, menor será a aplicação. Tem que pensar nas misturas, questão de dose, e lembrar que quando aplica em solo seco, ele fica absorvido”, lembrou.
Segundo Ivandro Manteufel (Bayer) “existe sim molécula que aguenta fazer controle, até mais de 210 dias. “O que a gente precisa olhar são características, como pressão de vapor, comportamento do herbicida na palha, fotodegradação, comportamento no solo. Não existe produto ruim, existe produto mal posicionado”, disse.