Liderança do setor sucroenergético, José Pilon, que foi presidente da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana), administra a Usina Santa Maria, localizada em Cerquilho (SP).
Assim como outras unidades do Centro-Sul, a Santa Maria também enfrenta uma safra 2015/16 ‘úmida’, com grande incidência de chuvas até no começo de julho.
Mas Pilon tem estratégias para a safra.
Em entrevista ao Portal JornalCana, José Pilon conta como administra a safra 15/16 da Usina Santa Maria.
Como a chuva influencia a safra 15/16 da Santa Maria?
José Pilon – Interrompe tudo. Só na primeira semana deste mês [de julho], paramos a colheita durante três dias. Num desses dias, começamos a colheita após o almoço e por volta das 2 horas da manhã tivemos de parar novamente por conta de nova chuva.
As chuvas são um problema?
José Pilon – As chuvas são necessárias. Você tem que pensar na safra que vem. De qualquer maneira, no momento elas atrapalham um pouco.
Qual a moagem prevista para a Santa Maria?
José Pilon – 1,6 milhão de toneladas de cana-de-açúcar. Bem mais que na safra 14/15, quando moemos 1,027 milhão de toneladas.
Então a Santa Maria processa agora a cana não moída na safra anterior?
José Pilon – A quebra na 14/15 foi de 31% ante a safra anterior. E temos um pouco de cana nova em moagem nesse ano.
Como deve ficar o mix de produção?
José Pilon – Meio a meio
Qual a estimativa de produção de etanol e de açúcar?
José Pilon – Cerca de 70 milhões de litros dos dois tipos de etanol e 1,5 milhão de toneladas de açúcar. Faremos um pouco mais de etanol em relação a safra anterior.
Quanto de cana da Santa Maria é própria?
José Pilon – De toda a cana, 70% são próprias e 30% de parceiros.
Como está o investimento em renovação de canaviais?
José Pilon – Estamos plantando. Não para.
O sr. tem recorrido a financiamentos para investir em renovação?
José Pilon – Sim. Não temos tido problemas em obter financiamentos.
Em sua opinião, a 15/16 terá bom índice de moagem de cana?
José Pilon – Sim. Deveremos chegar a 600 milhões de toneladas no Centro-Sul. E o que pode ocorrer é ficar cana em pé. Por causa das chuvas.
Haverá cana bisada em sua usina?
José Pilon- Em nosso caso, está na medida. Mas se as chuvas continuarem, aí complica.
Como o sr. avalia investimentos em cogeração?
José Pilon – Enquanto não há definição, produzo eletricidade da biomassa só para não pagar energia. Produzo 5 megawatts (MW) para uso próprio. Para vender [eletricidade], você tem que investir sem ter garantia. Você investe [exemplifica] R$ 100 milhões e você não tem garantia nenhuma. Que garantia o governo dá? Com o mercado spot andou-se ganhando um pouco. Mas você não pode ficar dependendo do spot.
Se houver alguma definição, o sr. investiria em venda de eletricidade cogerada?
José Pilon – Sim. Assim como penso em [produzir] etanol de segunda geração.
E se aparecer um grupo estrangeiro com proposta de compra de sua usina?
José Pilon – Eu não vendo. Eu vivo para aquilo [usina]. A gente não colocou ovo em uma cesta só. Colocou em várias cestas. Por isso, mesmo que uma cesta caia, os ovos não quebram de uma só vez.