
O ritmo de avanço do PIB do agronegócio brasileiro seguiu intenso em outubro, registrando crescimento de 2,78%, segundo cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizados em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Com isso, a alta acumulada no ano chegou a 16,81%, com o PIB agro mantendo desempenho anual recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que, em abril e em maio, o PIB agro cresceu lentamente, devido aos impactos negativos da pandemia sobre diferentes atividades do setor. No entanto, desde junho, o cenário tem sido marcado por recuperação e aceleração do crescimento.
Até setembro, o único segmento que acumulava redução no PIB era a agroindústria de base agrícola. Mas, após apresentar nova recuperação em outubro, o crescimento acumulado para esse segmento se tornou positivo.
De janeiro a outubro, os segmentos primário e de agrosserviços mantiveram destaque, com altas de 40,08% e de 14,74% no PIB, respectivamente. Como destacado em relatórios anteriores, para os agrosserviços, o resultado positivo do PIB reflete a continuidade do abastecimento do mercado doméstico e o excelente desempenho em termos de exportações – implicando em grande uso de serviços de comércio, transporte e armazenagem –, assim como a expansão da prestação de outros serviços às cadeias do agronegócio, como financeiros, de comunicação, jurídicos, contábeis e de consultoria, entre outros –, refletindo sobretudo o forte desempenho da agropecuária e da agroindústria da pecuária.
De acordo com pesquisadores do Cepea, o forte crescimento do PIB agropecuário reflete, pelo lado da oferta, a produção recorde de grãos na safra 2019/2020 e as expansões de produção de suínos, aves, ovos e leite. Por outro lado, reflete o forte avanço dos preços agropecuários reais, resultado dos aumentos expressivos na demanda, tanto externa quanto doméstica, e do alto patamar da taxa de câmbio.
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Quanto à indústria de máquinas agrícolas, a projeção indica redução do faturamento anual (-1,82%), em virtude do recuo dos preços reais (-2,21%), na comparação entre períodos iguais, frente ao sutil crescimento esperado para a produção anual (0,40%). Conforme destacado em relatórios anteriores, a atividade foi fortemente afetada pelas medidas impostas para a contenção do novo coronavírus, culminando na paralisação temporária das atividades de inúmeras fábricas.

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Mesmo com os impactos da pandemia, a indústria do açúcar teve destaque em 2020. Os aumentos na produção esperada, de 40,4%, e nos preços, de 23,2% na comparação entre períodos, resultam no avanço projetado de 73,0% no faturamento. A Conab aponta que o setor tem destinado uma maior quantidade de ATR para a produção de açúcar em detrimento do etanol, com o intuito de reduzir os impactos da crise que atingia o mercado nacional de biocombustíveis, causado pela queda nos preços e volumes comercializados do etanol.

No caso dos biocombustíveis, espera-se redução de 10,1% no faturamento, tendo em vista a produção anual esperada 7,9% menor e a queda de 2,3% nos preços na comparação entre períodos. Segundo a Conab, a redução esperada na produção se deve à mudança de estratégia das unidades produtoras, em favor do açúcar, como já destacado.
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De maio em diante, em geral, as cotações se recuperaram com a volta gradativa do consumo, por conta da flexibilização das normas de restrição, e com a vantagem competitiva do biocombustível frente à gasolina C. A equipe Etanol/Cepea ainda destaca que o mês de outubro foi marcado pela continuidade do reaquecimento da economia e aumento da mobilidade da população (redução das medidas de isolamento) e, consequentemente, da demanda por combustíveis.