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Pesquisa inédita busca controle biológico do bicudo da cana

Praga reduz em até 30 toneladas a produção da cana por hectare

(divulgação)
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O Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está trabalhando no desenvolvimento de um produto inovador para o controle biológico do bicudo da cana-de-açúcar (Sphenophorus levis), considerado a principal praga da cultura.

Inédito como tecnologia nacional, o novo produto é feito à base de nematoides entomopatogênicos que conseguem reduzir em 80% a ocorrência da praga no campo.

Tem aplicação facilitada nas lavouras, além de eficiência comprovada por estudos científicos, publicados em teses, dissertações e revistas científicas, inclusive no renomado periódico americano Crop Protection.

Segundo o pesquisador do IB, Luís Garrigós Leite, o nematoide Steinernema carpocapsae foi encontrado causando infecção natural na população do bicudo dentro da raiz da cana, demonstrando sua habilidade para a busca do inseto, mas não para evitar danos significativos da praga na cultura.

“Procurando controlar a população do bicudo e impedir danos significativos na cultura da cana, com altos rendimentos na produção, o IB selecionou o nematoide Steinernema rarum que é a base do produto a ser lançado, causando mortalidade do inseto de quase 80% dentro da raiz da cana, significativamente maior que a mortalidade obtida com S. carpocasae, que é de 30%”, explica o pesquisador.

Outra grande vantagem no uso de S. rarum é seu amplo espectro de ação para as pragas de solo da cana-de-açúcar, proporcionando de 50% a 80% de controle da lagarta Hyponeuma taltula, larvas de corós, broca gigante, cigarrinha-da-raiz e cochonilhas de raiz, dentre outros insetos.

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“Uma vez aplicados no solo, os NEPs podem persistir por vários meses no ambiente, sendo bastante favorecidos pela palhada da cana que preserva uma umidade favorável para a sua atuação. A vinhaça aplicada no solo também pode favorecer o nematoide, especialmente nos períodos de seca por aumentar a umidade do solo e prolongar as condições favoráveis. Além disso, NEPs são compatíveis a diversos produtos químicos usados na cana-de-açúcar, podendo ser aplicados até mesmo em misturas de calda”, afirma Leite.

O bicudo é considerado uma das principais pragas da cultura da cana em função dos danos e por ocorrer em uma área extensa, atingindo os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Paraná. “Essa praga reduz em até 30 toneladas a produção da cana por hectare e é difícil de ser controlada com o uso de defensivos químicos”, explica o pesquisador do IB.

NEPs conseguem atacar o bicudo em  diversas fases (divulgação)

Os estudos científicos conduzidos pelo Instituto mostram que a cada 1% de rizomas atacados pelo bicudo no canavial, o canavicultor tem perda de 1% na sua produtividade, além de 0,32% na redução no peso de colmos e 0,68% de queda no número de brotos gerados pelo rizoma após o corte da cana.

“São valores altos, principalmente se considerarmos os elevados índices de infestação da praga e a extensão das áreas de cana atacadas”, afirma.

A dificuldade do controle pelo uso de produtos químicos é explicada porque o bicudo age na raiz da cana, o que impede a ação efetiva dos defensivos. Além disso, esse inseto deixa aberturas na raiz da planta, resultantes do desenvolvimento do inseto desde a sua oviposição até a saída na fase adulta, o que possibilita a entrada de nematoides entomopatogênicos (NEPs), que são organismos do solo, importantes inimigos naturais do bicudo.

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“Os NEPs entram por essas aberturas e conseguem atacar a praga em suas diversas fases. Podemos dizer que os NEPs são bastante eficientes para o controle de pragas subterrâneas por se locomoverem no solo em busca dos insetos hospedeiros, atuando como mísseis rastreadores, capazes de localizar e atingir os seus alvos. Esse mesmo ambiente é considerado uma barreira para a atuação dos produtos químicos, reduzindo a sua eficiência”, elucida Leite.

As pesquisas do IB na área se iniciaram em 2000 e contam com parcerias das empresas Bio Controle e Rossam. Em 2018, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), por meio do projeto Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE-II), investiu recurso para desenvolvimento final do produto na parceria entre o IB e a Rossam, com a coordenação de Julie G. Chacon-Orosco.

Uso de fungos é estratégia para controle da cigarrinha-da-raiz em cana

Instituto biológico também desenvolve pesquisa para o controle biológico da cigarrinha-da-raiz

O Instituto Biológico também desenvolve pesquisa para o controle biológico da cigarrinha-da-raiz por meio do fungo M. anisopliae, seu inimigo natural. A cepa IBCB 425 permite a redução de até 70% da incidência da cigarrinha-da-raiz, sem a necessidade de defensivos agrícolas.

“Com o uso do fungo M. anisopliae, há redução de pelo menos 30% na utilização dos inseticidas thiametoxam e imidacloprido, no controle da praga, o que traz uma economia anual aos canavicultores brasileiros de R$ 21 milhões”, explica o pesquisador.

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Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) mostram que a cana-de-açúcar é o principal produto do agro paulista em Valor da Produção Agropecuária (VPA), somando R$ 29,6 bilhões, em 2019, o que corresponde, sozinha, a 36% do VPA estadual. Em 2019, a produção de cana em São Paulo foi de 435,3 milhões de toneladas. O IEA estima para 2020 uma variação positiva de 0,89%, o que deve resultar em uma produção de 438,9 milhões de toneladas.