O Censo Varietal, desenvolvido pelo Programa Cana IAC, identificou quais são as variedades de cana cultivadas em 5,9 milhões de hectares no Centro-Sul do Brasil e levantou dados sobre a intenção de plantio para a próxima temporada em 738 mil hectares. Os dados foram divulgados durante a 3ª reunião do ano do Grupo Fitotécnico, realizada no final de novembro.
O levantamento, que é o maior censo de variedades de cana-de-açúcar do Brasil, começou a ser feito em maio e terminou em novembro deste ano e contou com informações de 214 empresas para áreas cultivadas e 166 unidades para intenção de plantio.
Os resultados mostram que a variedade predominante na região Centro-Sul continua sendo a RB867515, desenvolvida pela Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), ocupando 18% da área recenseada. Em seguida, vem a RB966928, com 14% e em terceiro, a CTC4, com 11%. A RB92579 e a CTC9001 ocupam 5% da área pesquisada.
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“A 7515 está perdendo terreno, pois a área de plantio desta variedade é 6% menor do que a de colheita. A variedade mais importante em termo de plantio nesta relação de crescimento foi a CTC9001 seguida da CTC4, da CTC9002, CTC9003, CV7870 e RB975201”, comentou Rubens Leite do Canto Braga Jr, coordenador do Censo Varietal IAC.
O pesquisador ressaltou ainda que, com a perda da concentração da RB867515, o uso de variedade precoce vem se tornando tendência no Centro-Sul, embora isso ainda não ocorra nos estados do Espírito Santo, Mato Grosso e Paraná. “Nos outros estados, o uso de variedade precoce é predominante, sendo mais forte ainda na região de Ribeirão Preto (SP)”, explicou.
O fato é comprovado no censo que mostra que no estado paulista, em 3.466.511 hectares cultivados, a RB966928 (17%) aparece como a mais importante no 3º ano consecutivo, seguida da RB867515 (12%) e da CTC4 (12%). Já em termos de área de plantio em 575.213 hectares pesquisados, a RB966928 tem 15,2% de participação e a CTC4 tem 13,1%, seguidas da CTC 9001 (9,5%) e da RB867515 (9%).
A pesquisa mostra ainda que a concentração de variedades novas predomina na região de São José do Rio Preto (SP), sendo que Ribeirão Preto (SP) e Piracicaba (SP) também já atingiram o nível de concentração varietal satisfatório.
Quanto à relação de plantio e cultivo, considerando a média histórica (16,5%), o estado do Mato Grosso foi o que menos plantou (11%). Em Araçatuba (SP) o plantio foi o maior da região (19%).
O censo também levantou a intenção de plantio para 2021 em 738 mil hectares no Centro-Sul e apontou dezoito variedades indicadas, sendo que a RB966928 tem 11,8% das intenções, a RB867515, tem 11,6%; a CTC4, 10,2% e a CTC9001, 9%. A RB966928 se destacou em Goiás com 18,1% das intenções e em São Paulo, com 11,2%. No estado paulista, a variedade é a preferida em São José do Rio Preto, com 13,3%.
De um modo geral, o censo mostra que variedades mais modernas e mais produtivas vêm sendo adotadas e o nível de concentração varietal em alguns locais já é bem baixo, como em São Paulo, onde há regiões com níveis de excelência.
“O setor deve ser parabenizado por estar atuando com este cuidado em relação ao índice de concentração varietal. Este esforço vai resultar em uma maior produtividade agrícola”, afirma Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador do IAC e líder do Programa Cana IAC.