Usinas

Percentual de biodiesel no diesel subirá para 14% em março de 2024

Medida visa incentivar a produção de biocombustíveis e a transição energética

Percentual de biodiesel no diesel subirá para 14% em março de 2024

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou nesta terça-feira (19) a antecipação do mandato de 14% (B14) da mistura de biodiesel ao diesel vendido ao consumidor no Brasil para março de 2024. A previsão era de que o índice fosse alcançado apenas em 2025.

A expectativa é de que, com a medida, seja evitada a emissão de cinco milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, além da redução de cerca de R$ 7,2 bilhões com a importação de diesel fóssil, além de estimular a transição energética. O B15, anteriormente previsto para 2026, também será antecipado para março de 2025.

LEIA MAIS >Grupo de Trabalho é criado pelo CNPE para estudar a viabilidade técnica da elevação do percentual de etanol na gasolina de 27,5% para 30% (E30)

A 42ª reunião ordinária do CNPE, presidida pelo ministro Alexandre Silveira, foi realizada no Ministério de Minas e Energia (MME) e novamente contou com a presença do presidente Lula, além do vice-presidente Geraldo Alckmin, ministros de Estado e representantes dos setores de energia, petróleo e gás do país, que integram o conselho.

O presidente Lula defendeu os investimentos em biocombustíveis como importantes aliados para a transição energética. “O Brasil é capaz de produzir combustíveis de alta qualidade e mais sustentáveis. Temos que apostar na transição energética e transformar o Brasil em um país ativo e altivo”, afirmou o presidente da República.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou os benefícios da medida. “Hoje, nós ampliamos a participação do biodiesel, ainda mais, na nossa matriz. E isso tem três efeitos: primeiro, diminui a nossa dependência de importação de óleo diesel. Segundo, ajuda a descarbonizar, já que a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) vem avançando muito na certificação da qualidade dos biocombustíveis. E terceiro, e muito importante, é a gente estimular nossa agricultura nacional”, afirmou o ministro, que preside o CNPE.

LEIA MAIS > Brasil: potência agroambiental

Arnaldo Jardim

Com o crescimento da demanda por biodiesel, estima-se a geração de cerca de 14 mil empregos até 2024, além de aumentar a segurança energética nacional, com a redução de importações de 2,4 bilhões de litros de diesel A.

O aumento da demanda de matéria-prima, sobretudo da soja, será de 6 milhões de toneladas do grão até 2025, quando será adotado o B15.

Importação de biodiesel

O CNPE também aprovou a suspensão temporária da importação de biodiesel, revertendo decisão do governo anterior. Além disso, foi instituído Grupo de Trabalho que visa a elaboração de Análise de Impacto Regulatório (AIR) de avaliação dos impactos da importação de biodiesel e do Selo Biocombustível Social.

Essa medida tem como princípio preservar o interesse nacional; proteger os interesses do consumidor quanto à preço, qualidade e oferta dos produtos; promoção da livre concorrência; ampliação da competitividade do País no mercado internacional; incremento da participação dos biocombustíveis na matriz energética; e garantia de suprimento de biocombustíveis em todo o território nacional à luz dos novos aspectos conjunturais da Política Energética Nacional.

LEIA MAIS > Diesel tem baixa de mais de 1% nos primeiros dias de dezembro

“Deliberamos também a criação de um grupo de trabalho para estudar os impactos da importação aprovada pela ANP. Enquanto o grupo não conclua os estudos, nós ficamos com as importações no status quo, no estado de hoje. E o Brasil continua defendendo o conteúdo local, o biodiesel nacional”, defendeu Alexandre Silveira.

O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) considera a decisão um avanço, uma vez que em março deste ano, o CNPE aprovou a elevação da mistura de diesel no biodiesel de 10% para 12%, o que passou a valer logo a partir de 1º de abril e também havia definido que, em 2024, o percentual subiria para 13% e em 2025, atingiria 14%.

Na Câmara dos Deputados Arnaldo Jardim é um dos maiores defensores dos biocombustíveis. Ele entende que a medida vai compatibilizar estratégias para acelerar o processo de descarbonização da matriz de transporte, dentro do plano de transição energética, e promoverá a inclusão social, com geração de emprego e renda.

LEIA MAIS > Otimização em tempo real impulsiona gestão industrial inteligente nas usinas do Nordeste

“O Brasil importa hoje uma grande quantidade de diesel que consome. Nós podemos aumentar porque há uma capacidade ociosa do nosso parque de produção do biodiesel. Ganha o produtor rural, ganha o consumidor e ganha o meio ambiente. Correta a decisão. 14% agora e eu, como relator do projeto de lei do combustível do futuro (PL 4516/2023), vou sacramentar isso também, no parecer, para que o Brasil possa avançar cada vez mais no caminho dos biocombustíveis, da energia renovável”, explicou o deputado.

Para a Frente Parlamentar Mista do Biodiesel do Congresso Nacional (FPBio), a decisão do CNPE sobre a antecipação do aumento da mistura é de grande importância para o setor de biodiesel e permite que haja previsibilidade de produção e a possibilidade de organização dos investimentos e dos negócios.

A Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) também comemorou a antecipação do aumento da mistura. Para a entidade, as medidas definem um horizonte mais claro de previsibilidade e de segurança jurídica para o setor retomar investimentos e acelera o processo de descarbonização do transporte no Brasil.