Racionamento de energia virou um palavrão. Pelo modelo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as térmicas têm de despachar energia (colocar no sistema) numa ordem da mais barata para a mais cara. Quando se chega à mais cara, o modelo manda cortar carga, ou seja, reduzir a oferta de energia. O nome para isso seria a palavra que não podemos falar: racionamento. Ou, para evitá-lo, teria que haver redução do consumo para racionalização do uso da energia. No entanto, nada disso é feito. E o ministro Edison Lobão diz, diariamente, que não há risco de racionamento.
O administrador público ou privado tem de considerar todos os cenários de risco, porque se não se proteger contra o pior deles se aproximará ainda mais da possibilidade de que aconteça. Quando não quer nem ouvir a palavra, que está banida do dicionário por ser conveniente do ponto de vista político, aumenta o risco.
Várias empresas estão pagando o preço da energia do mercado livre, que está em R$ 822 o megawatt/hora, mas vendendo bem abaixo disso. A Elektro, de Campinas, por exemplo, está com 18% da energia descontratada; precisa, portanto, comprar no mercado livre. Outras empresas estão assim também e só vão conseguir recuperar esse prejuízo em 2015 quando as tarifas forem reajustadas. No caso da Elektro, só em agosto do ano que vem ela será ressarcida de um prejuízo que está tendo hoje ao comprar energia mais cara do que pode cobrar do seu consumidor.
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