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Ometto critica política de preços de combustíveis

Ometto: aumento de capital para investir na Rumo
Ometto: aumento de capital para investir na Rumo

O presidente do conselho de administração da Cosan, Rubens Ometto, criticou pesadamente a política de combustíveis do governo na noite de quinta-feira, afirmando que ela tem sido “ruinosa” para o setor do etanol e “fatal” para a Petrobras.

“No nosso negócio de etanol, temos sofrido com o congelamento de fato do preço da gasolina no Brasil”, disse Ometto, na cerimônia em que recebeu entrega do prêmio de Pessoa do Ano, em Nova York, concedido pela Brazilian American Chamber of Commerce. Ele também atacou a presença do Estado na economia brasileira.

Ao falar da política de combustíveis, Ometto afirmou que essa “política mal planejada está enterrando conquistas que o Brasil começou a fazer nos anos 1970, quando começamos a trilhar o caminho para uma energia renovável que o mundo todo passou a admirar mais tarde. Está nos forçando a abandonar o sonho de uma matriz energética mais limpa”. Segundo ele, ela tem sido “catastrófica para os produtores de açúcar e álcool que não possuem a escala da Cosan e sua diversificação de negócios”.

Ometto disse que as conquistas obtidas com essa energia alternativa estão ameaçadas por um entendimento errado do governo sobre a política de preço dos combustíveis. “Como um conto de fadas às avessas, o etanol é o príncipe que virou sapo, e este feitiço só poderá ser quebrado se tivermos uma liderança política que não busque `bodes expiatórios´, pense fora da caixa, aceite correr riscos e aposte na nossa criatividade, inovação e vantagens competitivas”.

O empresário ressaltou que os problemas não se restringem ao setor de etanol, “mas ao país como um todo. Ou seja, a área tributária, área trabalhista, área comercial, área financeira e todos os outros setores”.

No seu discurso a uma plateia de empresários brasileiros e americanos, Ometto também criticou o intervencionismo do governo. “Como vocês sabem, o país vive hoje uma onda de pessimismo, alimentada pela deterioração dos fundamentos da nossa economia, uma percepção de que o Estado quer, se não tomar o espaço do setor privado, pelo menos respirar em seu cangote, direcionando o rumo de vários setores com a mão de ferro da intervenção”.

Ometto disse que, apesar desses problemas, esse “pessimismo latente (talvez mais nos próprios brasileiros do que nos que estão de fora) é, na verdade, uma boa notícia”. Segundo ele, “isso vai dar a nós e a outros empresários que acreditam no Brasil a chance de crescer nossos negócios no momento em que outros se retraem”.

Ao falar da Cosan, disse que a empresa, na infraestrutura, está colocando foco e atenção em entrar no transporte ferroviário e em operações portuárias, “oferecendo soluções logísticas integradas que sejam eficientes, baratas e que mudem o jogo”.

De acordo com ele, o Brasil, com uma infraestrutura minimamente decente, será como as Ferraris que Sergio Marchionne (presidente da Fiat, o outro premiado da noite) produz na Itália: máquinas de alta performance, admiradas por todo o mundo”. Para que isso aconteça, é necessário que “o Estado desça dos ombros dos empresários”, disse Ometto.

No fim do discurso, citou “A revolta de Atlas”, livro da escritora e filósofa Ayn Rand. “Os empresários brasileiros hoje andam com `A Revolta de Atlas´ debaixo do braço, pedindo que o Estado pelo menos deixe de atrapalhar”. Segundo um dos presentes, “não faltou aplauso” às palavras de Ometto.

Fonte: Valor Econômico