
Diante da realidade da transição energética, Ricardo Mussa, CEO da Raízen, acredita que o Brasil tem um grande potencial para exportar tecnologia na produção do etanol da cana-de-açúcar. “Na busca global pela redução da emissão de carbono, o etanol deve assumir o protagonismo em países com condições similares à nossa. Temos que exportar nossa tecnologia para países como a Índia, Tailândia e alguns países da África”, defende o empresário.
Durante conferência do Credit Suisse, realizada nesta semana, Mussa disse que não existe uma resposta única para os desafios da transição energética. “Cada região tem um perfil diferente. Cada país tem uma saída diferente, por exemplo, os países nórdicos, investem no carro a bateria, pois não tem outras alternativas. No caso do Brasil, existem opções que são mais viáveis, para atingir o mesmo número de emissões, sem a necessidade de tantos investimentos em infraestrutura. A transição é um fato, mas não deve acontecer da mesma forma e intensidade em todos os locais”, afirmou.
“A cana é uma planta fantástica para se produzir energia. Nosso setor nunca foi muito eficiente na transformação dessa energia. Existe muita matéria-prima subaproveitada. Com o E2G conseguimos aumentar 50% da nossa produção sem gerar nenhum impacto ambiental, sem precisar de um hectare a mais. Então a gente pode exportar esse produto, e também essa nossa tecnologia. É uma estrada nova que está apenas começando”, avalia o empresário.
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Biogás
O CEO da Raízen também defendeu a substituição do diesel pelo biogás. “A gente tem a maior planta de biogás na América Latina. Não chamamos mais de usina e sim de parque de bioenergia. Transformamos a matéria orgânica que está dentro da vinhaça e convertemos em biogás. O uso mais nobre é na substituição do diesel na frota. Nós importamos diesel e consegue substituir esse uso, na sua frota. É uma nova linha de produto, que cria mais oportunidades de receita e que não precisa de um pé de cana a mais. A demanda está dentro do setor. E isso já é realidade hoje”, afirma.
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Completando: “E mesmo o setor, como um todo não fazendo esse trabalho de aumentar a produtividade, temos um produto competitivo. Não só um produto carburante, a gente tem um produto competitivo para substituição de plásticos, químicos. A grande vantagem é que temos uma cadeia carbônica barata. Hoje grande parte da nossa produção não vai para o carburante, vai para o setor industrial, várias demandas do setor químico, farmacêutico estão partindo para o etanol”, exemplificou.
De acordo com o empresário, a demanda para esses produtos será cada vez maior, por isso a melhora na produtividade será essencial. “A cana é muito resiliente. Ano passado com seca, geada, a gente perdeu em média 12% de produtividade, se fosse milho, soja, ou outra cultura, a perda ficaria em 70%. Portanto, estamos na hora certa, no lugar certo, com a planta certa, a cana-de-açúcar. Temos uma série de tecnologias novas, e as principais vantagens estão a nosso favor”, finaliza o CEO da Raízen.