A crise sucroalcooleira e o fechamento de indústrias transformou cidades do interior de São Paulo, mais tradicional polo do setor, em “cemitérios de usinas”.
Estas cidades acumulam aumento do desemprego, queda na arrecadação de impostos e inadimplência recorde no comércio local.
Para especialistas, é a pior crise da história do setor, que teve início em 2008 e agora tem como principal causa o controle artificial do preço da gasolina, por parte do governo, para combater a inflação.
Desde 2010, só em São Paulo, ao menos 27 usinas deixaram de moer cana.
Segundo a Unica (entidade que representa as usinas), pelo menos cinco usinas devem parar as atividades neste ano em todo o Estado.
Instaladas geralmente em pequenos municípios –entre 4.000 e 110 mil habitantes–, as usinas foram deixando um rastro de prejuízos econômicos e sociais em cidades como Jardinópolis, São Pedro do Turvo, Sertãozinho, Serrana e Pontal.
No período, essas localidades acumularam deficit de quase 6.000 empregos na indústria e na agricultura.
O caso mais recente de paralisação foi em Jardinópolis. A usina Jardest parou suas atividades em abril e deixou mais de 350 desempregados.
O mesmo aconteceu em São Pedro do Turvo. “Sentimos que a população da cidade chegou a reduzir quando a usina fechou em 2011”, afirmou a secretária da Administração, Viviane de Fátima Barbosa Ferreira.
A cidade tem 7.500 moradores, segundo o IBGE. A usina empregava aproximadamente mil pessoas.
Em Sertãozinho, Serrana e Pontal, onde três usinas fecharam e uma entrou em recuperação judicial nos últimos cinco anos, o número de consumidores que deixaram de pagar suas dívidas subiu em média 10%, em comparação ao ano passado.
Além disso, a arrecadação com ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) despencou. Em Serrana, dos R$ 4,95 milhões recebidos nos quatro primeiros meses de 2013, o total caiu para R$ 3,6 milhões neste ano.
“Há atraso de pagamentos de salários e as contratações diminuíram”, disse o secretário de Administração de Pontal, Antônio Marcos Pala.
Em Sertãozinho, o atraso no pagamento de compras parceladas feitas no comércio local aumentou 12% entre 2012 e 2013. “Os carnês em atraso em 2012 eram em média de R$ 722. Em 2013, este valor caiu para R$ 518”, disse o presidente da associação comercial do município, Geraldo José Zanadréa.
Fonte: Folha de S. Paulo