Usinas

MS deve esticar a safra de cana até março de 2016

Hollanda, presidente da Biosul: chave estará virada para o açúcar
Hollanda, presidente da Biosul: chave estará virada para o açúcar

Em entrevista exclusiva para o Portal JornalCana, Roberto Hollanda, presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Mato Grosso do Sul (Biosul), comenta sobre a extensão da safra de cana-de-açúcar no Mato Grosso do Sul, sobre o emprego de milho para fazer etanol.

E começa a entrevista com uma avaliação sobre o uso de palha para cogerar eletricidade.

A Biosev, companhia sucroenergética do grupo francês Luis Dreyfus Commodities (LDC), escolheu suas áreas canavieiras do Mato Grosso do Sul para iniciar o sistema próprio de recolhimento de palha de cana-de-açúcar. A meta é ampliar a oferta de eletricidade cogerada pela biomassa.

A iniciativa da Biosev, segundo Roberto Hollanda, presidente da Biosul, confirma o Mato Grosso do Sul também como polo de cogeração do setor sucroenergético.

Por que isso ocorre?

Roberto Hollanda – Primeiro porque muitas das usinas instaladas no Mato Grosso do Sul são usinas. Ou seja, já foram construídas dentro deste paradigma de cogerar, exportar energia feita pela biomassa. Além disso, entre as mais antigas muitas já fizeram retrofit para ampliar a cogeração.

Hollanda, presidente da Biosul: safra vai até março de 2016
Hollanda, presidente da Biosul: safra vai até março de 2016

E a técnica de recolhimento de palha?

Roberto Hollanda – Recentemente fizemos encontro com associados, para troca de informações sobre o recolhimento de palha, que só vem crescendo. Além disso, o Mato Grosso do Sul tem boa oferta de biomassa, como eucalipto. O estado puxa a fila como exportador de energia do país. E assim fazemos economizar água dos reservatórios das hidrelétricas.

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A 2015/16 está uma safra de cana maravilhosa para o Mato Grosso do Sul?

Roberto Hollanda – Sou como gato escaldado, embora os números são bem interessantes. Temos uma safra 20% acima da anterior, apesar de termos tido um começo da atual muito ruim. A passada, até o fim de agosto, moía cana que havia sido prejudicada pela geada. Por isso gosto de comparar a 15/16 com a safra retrasada, a 13/14.

Fale a respeito, por favor

Roberto Hollanda – Nessa comparação, a 15/16 não está 20% acima, mas 10%. Minha meta é crescer 15% em volume de cana. E também dar uma comparada em ATR (Açúcares Totais Renováveis). O ATR na 15/16 ainda está baixo, mas melhor do que em 2014. Mas a novidade é que estamos bastante próximos de aproveitar o período da entressafra.

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Como assim?

Roberto Hollanda – No Mato Grosso do Sul a entressafra sempre foi afetada por um veranico. Mas na próxima entressafra há muitas unidades prontas para enfrentar esse veranico. Então, devido ao atraso de colheita em julho, por conta das chuvas, fez sobrar matéria-prima, e se fizer sol no verão nós iremos moer. Nossa safra de cana deverá ir até março de 2016. 

O fato de ter unidades novas favorece nessa extensão da safra, já que não é preciso fazer muitas reformas de equipamentos na entressafra?

Roberto Hollanda – Sim.

E o uso de milho para fazer etanol? É uma tendência no Mato Grosso do Sul?

Roberto Hollanda – Temos enxergado muito isso. Estamos muito atentos. É preciso fazer muita conta. Agora o milho para etanol é para estados com viabilidade. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e parte de Goiás. Se o preço do milho chegar a um patamar vantajoso, e dentro de cada unidade for possível, o grão pode ser uma grande solução para o melhor aproveitamento de safra.

Explique mais

Roberto Hollanda – Em nosso estado chove muito. É uma característica. Dá para [empregar o milho] nas paradas da moagem de cana, com as chuvas. A ideia deve ser levada muito na ponta no lápis. Você tem também os subprodutos do milho, como DDG e DDGS.