O drama que tomou conta do projeto elétrico de interligação de Roraima ao restante do País passou a ser tratado entre os Ministérios de Minas e Energia e da Justiça. Uma semana antes de deixar o cargo, em 23 de dezembro, o então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, enviou carta ao colega da Justiça, José Eduardo Cardozo, cobrando uma atitude para dar fim à novela.
Na carta, obtida pelo Estado, Lobão detalha as dificuldades de abastecimento energético de Roraima, diz que o Ibama já aprovou o projeto, mas acrescenta que ainda depende de manifestação conclusiva da Fundação Nacional do Índio (Funai), autarquia vinculada ao Ministério da Justiça. E afirma que “em virtude das dificuldades expostas”, precisa do “apoio necessário do Ministério da Justiça com o objetivo de que possamos equacionar o assunto”.
A carta é acompanhada de um histórico sobre o projeto e suas consequências. O imbróglio gira em torno de conflitos indígenas: 121 quilômetros da linha de transmissão teriam de passar dentro da terra indígena Waimiri Atroari, no Pará.
O Ministério de Minas e Energia afirma que, só neste ano, será preciso gastar mais de R$ 445 milhões com geração térmica de energia para abastecer a capital Boa Vista e região por causa da falta da ligação com o País. Também ressalta que, caso seja interrompido o fornecimento atualmente feito pela Venezuela, o custo para o setor elétrico pode ultrapassar R$ 1 bilhão.
Três semanas antes da carta, reportagem do Estado revelou que o consórcio Transnorte Energia, formado por Eletronorte e Alupar, avaliava a possibilidade de devolver a concessão da linha de transmissão que ligará Boa Vista (RR) a Manaus (AM) em razão dos problemas que tem enfrentado há mais de três anos.
(O Estado de São Paulo)