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Mercado futuro de açúcar fecha com cotação recorde em Nova York

O vencimento maio/23 valorizou 216 pontos, ou 48 dólares por tonelada na semana

Mercado futuro de açúcar fecha com cotação recorde em Nova York

Segundo Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting, graças à denominada “chamada de margem”, que já chegou a cifras de US$ 3 bilhões, tivemos mais uma semana de cotações recordes no mercado futuro de açúcar em Nova York.

O vencimento maio/23, que expirou na sexta-feira, 28, valorizou 216 pontos, ou 48 dólares por tonelada na semana. O contrato futuro com vencimento para julho/23, o próximo vencimento, refletindo o peso da safra do Centro-Sul fechou a semana a 3,071 reais por tonelada. Nos últimos 23 anos esse valor foi visto apenas em 1% das vezes. Isso refere-se a todas as cotações de NY, convertidas em reais por toneladas e ajustadas pela inflação.

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De acordo com Correia, isso não se deve propriamente aos fundamentos do mercado. “Um dos sinais mais evidentes de que os fundamentos são coadjuvantes – e não protagonistas nesse cenário – é quanto à volatilidade das opções. Há algumas semanas ela estava em torno de 23% anualizada. Nesta semana chegou a bater 48%. E o que mudou nos fundamentos que justificassem essa explosão? Muito pouco. Mas, a narrativa, era de final do mundo. A safra de cana do Centro-Sul iria ser menor (como podemos ter tanta certeza em abril?), o line up (a fila de navios para carregamento) em Santos aumenta, a Índia suspendendo exportações, a Tailândia com temperaturas de 45°C, entre outros eventos”, explica Corrêa.

Pelo levantamento da Archer Consulting, o preço médio de fixação das usinas para a safra 2023/24 é de 17.75 centavos de dólar por libra-peso. A média dos fechamentos dos meses correspondentes à safra do Centro-Sul na sexta-feira foi de 26.25 centavos de dólar por libra-peso.

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Uma chamada de margem média de 187 dólares por tonelada. “Agora multiplique isso – conservadoramente – por 16 milhões de toneladas (assumindo que vários contratos já tiveram troca de futuros via EFP). Estamos falando em um enxugamento de US$ 3 bilhões. Uma chamada dessa magnitude é dolorosa”, avalia o consultor.

Para a Archer, o lineup de 1.6 milhão de toneladas em Santos pode ser explicado pelo fato de os compradores de açúcar precisar carregar o produto que compraram das usinas o mais rápido possível para atender seus compradores finais, aproveitar o mercado invertido e também o prêmio de branco muito elevado, para aqueles que vão converter o açúcar bruto em refinado.

De acordo com a consultoria, existem outros pontos que merecem atenção. “Como essa movimentação física tem muito a ver com o jogo dos spreads, ou seja, a habilidade de cada trading de operar o mercado aproveitando oportunidades na diferença entre os preços de dois meses negociados (os spreads) ao longo do tempo, o ato de entregar ou receber açúcar na bolsa pode eventualmente ser apenas uma parte de uma estratégia mais abrangente. Também colabora com a entrega física a diferença do demurrage (taxa cobrada sobre o período que ultrapassou a estadia do navio) e as condições mais favoráveis de entrega por meio da bolsa (carregamento diário menor). O mercado vai precisar de notícias fresquinhas para poder continuar sua trajetória de alta”, avalia Corrêa.

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