
Terceiro maior produtor de biocombustível do país, o Mato Grosso se prepara para estar no seleto grupo dos estados brasileiros que produzem biogás e biometano, fontes de energia renovável produzidas a partir de resíduos orgânicos.
Em 2024, deve entrar em operação a primeira usina no estado de produção de biogás e de biometano. Instalada em Nova Olímpia, a planta terá capacidade para gerar 5MW de energia elétrica e 31.200 Nm³/d de biometano.
A planta vai utilizar a vinhaça e a torta de filtro, resíduos orgânicos derivados do processo de produção de açúcar e etanol, para produção das fontes energéticas.
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O biogás é utilizado para geração de energia elétrica; e o biometano, uma espécie de biogás purificado, é um produtor similar ao gás natural, só que renovável. Pode ser utilizado para geração de energia elétrica, para transporte veicular, como substituto do óleo diesel, por exemplo, e como fonte de energia para indústria.
O uso do biogás e do biometano como tecnologia para descarbonização dos processos produtivos é um dos temas em pauta no 1o Bioenova – Encontro Nacional de Inovação das Indústrias de Bionergia, que será realizado nos dias 24 e 25 de agosto, em Cuiabá.
A planta que está sendo implantada no Mato Grosso é resultado de uma parceria entre a uisa e a Geo Biogás & Tech. Foi responsável pela instalação da primeira planta de produção de biogás em larga escala no Brasil a processar torta de filtro, vinhaça e palha.
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“O Mato Grosso tem condições de ser um dos líderes dessa transformação energética. Fazer sua riqueza natural gerar energia limpa, produzindo renda para a população, promovendo o desenvolvimento e agregando valor. Sustentabilidade é um ativo para qualquer negócio. Em algumas áreas, descarbonizar o processo produtivo é condição para a empresa crescer, ganhar novos mercados, inclusive no exterior. Em outros setores, pode até virar um negócio, com a venda de créditos de carbono”, explica Cobucci.
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“Além de ser uma fonte de energia renovável, o biogás e o biometano permitem a redução do passivo ambiental por meio do tratamento adequado dos resíduos, principalmente da agroindústria. O que seria lixo se transforma em riqueza”, completa.
Pelas contas da Abiogás (Associação Brasileira de Biogás), o Brasil deve atingir, em 2030, a produção de 30 milhões de metros cúbicos/dia de biometano. O volume poderia atender parte da demanda brasileira por diesel, hoje em torno de 150 milhões de m3/dia. Atualmente, o país conta com seis plantas autorizadas pela ANP a operar, com capacidade de cerca 450 mil m3/dia. Ou seja, hoje a capacidade atual de produção é inferior à 2% do potencial.
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Até o final de 2024, segundo a Abiogás, deve entrar em operação um volume entre 800 mil e 1 milhão de m3/dia, alcançando 6 milhões de m3/dia até 2029, com 86 plantas de produção. Para se ter ideia, nos EUA, já existem 700 plantas em operação; e na Europa, mais de 1 mil.
Já o biogás produzido a partir de cana, tem um potencial de produzir 2.100 MW médios até 2032, o suficiente para atender 900 mil residências, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2032) elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).