Usinas

Maior produção de açúcar na Ásia e Europa elevam superávit global

MPT, TRT e Superintendência do Trabalho inspecionaram áreas de carregamento e descarregamento de açúcar (Divulgação/MPT)
MPT, TRT e Superintendência do Trabalho inspecionaram áreas de carregamento e descarregamento de açúcar (Divulgação/MPT)

O balanço global de oferta e demanda de açúcar na safra 2017/18 deve consolidar superávit maior do que o esperado, devido ao incremento de produção da Europa e Ásia, em países como França, Alemanha, Índia e Tailândia. De acordo com a revisão da INTL FCStone, o saldo atingirá 3,6 milhões de toneladas (contra as 2,8 mi ton estimadas no início de novembro de 2017 pelo grupo).

Leia mais: Produtores das Ilhas Fiji receberão mais subsídios para cultivar cana-de-açúcar

“O maior volume de beterrabas nos levou à necessidade de elevar para 19,5 milhões de toneladas (valor branco) a nossa projeção de produção de açúcar no bloco composto por 28 países. Caso essa expectativa se confirme, representaria um avanço anual de 24,7% na produção de açúcar da União Europeia”, relata INTL FCStone.

Leia mais: Por que o açúcar cristal está com o preço mais baixo das duas últimas entressafras

A revisão trouxe aumento de 600 mil toneladas em relação à projeção anterior, o que, na visão dos especialistas, pode ser explicado pela forte expansão da área plantada após a liberalização do mercado europeu de açúcar depois de diversos anos de restrições à produção e comercialização impostas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Já em relação à Ásia, perspectivas para China e Paquistão foram reduzidas, mas são mais que compensadas pela Índia e Tailândia.

Leia mais: Ucrânia exporta 50% menos açúcar de beterraba em 2017

Somente na Índia, o bom andamento da safra por lá levou a aumento da perspectiva de produção de açúcar de 25,0 para 26,3 milhões de toneladas (valor branco) — o que, isoladamente, foi a maior variação influenciando a estimativa de superávit global.

Na Tailândia, o bom desenvolvimento da safra 2017/18 que, assim como na Índia, é reflexo do cenário climático mais favorável, levou as usinas do país a registrarem novos recordes históricos de moagem de cana e produção de açúcar diários. “Como, sazonalmente, os maiores valores de produção diária só costumam ocorrer em meados de fevereiro, é provável que a fabricação de açúcar no país continue robusta”, ressaltou o grupo, em relatório.

Leia mais: Por que as importações de açúcar chinesas em 2017 foram as menores desde 2010

A projeção para a produção tailandesa de açúcar foi elevada para 12,4 milhões de toneladas, versus estimativa de 11,9 mi ton feita em novembro — o que seria um crescimento ano-a-ano de 17,2%.

Na China e Paquistão, os cálculos apontaram redução. No primeiro, a baixa foi de quase 300 mil toneladas, passando de 10,6 para 10,3 MMT (valor branco). No segundo, a redução foi menor, de cerca de 100 mil toneladas, para 7,4 milhões de toneladas métricas.

Leia mais: Por que o açúcar cristal está com o preço mais baixo das duas últimas entressafras

Já nas Américas, é esperado menos açúcar no Brasil e em Cuba, e produção maior nos Estados Unidos. Nesse último, o aumento é reflexo das taxas de recuperação de açúcares a partir da beterraba nos primeiros meses do processamento se mostrando acima do esperado, ficando próximas dos recordes recentes, enquanto os danos causados pela passagem dos furacões Irma sobre os canaviais da Flórida e Harvey sobre os da Louisiana foram mais amenos que o projetado anteriormente.

Leia mais: Entenda a desregulamentação do mercado de açúcar na Tailândia

Apesar do incremento no lado da oferta, a demanda global também deve ganhar fôlego pelo aumento na perspectiva de crescimento da economia mundial, de +3,6% para 2017 e +3,7% para 2018 nas estimativas de outubro, para +3,7% e +3,9%, respectivamente, nas projeções de janeiro, segundo o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A revisão da INTL FCStone aponta para um consumo global na safra 2017/18 em 183,8 milhões de toneladas, 1,1% acima da safra anterior e 0,3% maior que a projeção de novembro.

Com isso, os estoques globais da commodity alcançariam 74,6 mi ton ao final da safra atual, 5,1% acima dos estoques finais do ciclo 2016/17. Já a relação estoque/uso em 2017/18 ficaria em 40,6%, 1,6 pontos percentuais acima da safra anterior e o maior valor para este indicativo desde a safra 2014/15.