Com números positivos e alta produtividade no campo, o Grupo São Martinho divulgou ontem (30/6) os resultados consolidados da safra 19/20. A companhia apresentou lucro líquido de R$ 142,6 milhões no seu quarto trimestre fiscal de 2020, 67% sobre o mesmo período do ano passado.
A boa performance operacional na temporada 2019/2020 gerou novo recorde, com lucro líquido de R$ 639 milhões ao final da safra 19/20, um crescimento de 103,5% em relação à safra anterior. Já o lucro caixa somou R$ 164,9 milhões (+4,3%) no trimestre e R$ 713,5 milhões no acumulado da safra (+54,7%).
O EBITDA Ajustado foi de R$ 580 milhões no 4T20, um avanço de 13,7% e fechou em R$ 1.857 milhões no acumulado da safra, representando um crescimento de 12,9%.
A receita líquida foi de R$ 1,146 bilhão com aumento de 2% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado, a receita líquida cresceu 9,5%, para R$ 3,701 bilhões.
Em açúcar, a receita líquida das vendas totalizou R$ 463,9 milhões no 4T20, um aumento de 26,4% em relação ao mesmo período da safra anterior, resultado da concentração de embarques no período de entressafra, que apresentou preço médio de comercialização superior em 15,2% na comparação com o mesmo período da safra anterior, e 7,0% acima do preço médio realizado no 3T20.
No período acumulado, a receita líquida de açúcar totalizou R$ 1.242,1 milhões, um aumento de 12,1% em relação ao mesmo período da safra anterior, resultado do maior volume comercializado no período (+7,7%) – reflexo do maior volume de ATR total produzido na safra 19/20 em relação à safra 18/19, e do preço 4,1% superior comparado à safra passada.
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A receita líquida das vendas de etanol totalizou R$ 653,9 milhões no 4T20, 11,1% inferior ao mesmo período de 2019. Apesar do preço médio de comercialização do etanol ter sido superior em 15,1% (R$ 2.049/m³) em relação ao mesmo período da safra anterior, o volume vendido de etanol caiu 22,8% (319,2 mil m³). Isso devido à decisão da Companhia de carregar o produto para ser vendido ao longo dos próximos meses com preços potencialmente superiores, considerando a queda acentuada do preço de etanol ocorrida em meados de março/20.
Portanto, no período acumulado, a receita líquida de vendas foi 6,9% superior ao mesmo período da safra anterior, totalizando R$ 2.147,0 milhões.
A receita líquida de comercialização de energia elétrica totalizou R$ 11,2 milhões no 4T20, apresentando redução de 3,7% em relação ao mesmo trimestre da safra anterior, reflexo do menor preço médio de comercialização da energia spot ocorrido no período. Para o período acumulado da safra, a receita líquida de energia aumentou 4,5%, somando R$ 218,4 milhões, refletindo o maior volume de bagaço disponível para cogeração.
Sobre a dívida líquida da Companhia, em março/2020, totalizou R$ 2,9 bilhões, aumento de 19,9% em relação a março/2019. Segundo a São Martinho, o fato se deve, principalmente a forte desvalorização do Real no período, frente a moeda americana (USD) – aproximadamente 40% do endividamento da Companhia está exposto a variação cambial. Além disso, houve necessidade de capital de giro, em aproximadamente R$ 125 milhões, refletindo a decisão de carrego de produtos, como o etanol, que será revertido em caixa ao longo da safra, com preços melhores.
A São Martinho também informou que a distribuição mínima de 40% do lucro caixa, conforme previa a nova política de dividendos da empresa, poderá não ser adotada, por recomendação do Conselho de Administração, que prioriza a preservação do caixa no curto prazo a fim de proteger os negócios da Companhia.
Dessa forma, o total de dividendos propostos totaliza R$ 171,0 milhões, ou aproximadamente 28% sob o lucro líquido, após deduzida a reserva legal, ou 24% do lucro caixa.
Produção cresceu 10,7%
A companhia processou 22,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no período, apresentando um aumento de 10,7% em relação à safra anterior, refletindo o crescimento de 11,7% na produtividade média dos canaviais (TCH) no período, resultado de melhores condições climáticas observadas durante a safra.
A Companhia produziu aproximadamente 1.106 mil toneladas de açúcar e 1.172 mil m³ de etanol, representando um aumento de 11,4% e 6,9%, respectivamente, em relação à safra passada. O mix de produção na safra, entre açúcar e etanol foi de 37% – 63%. Quanto ao volume de energia produzida e exportada na safra, o volume foi 10,1% superior, totalizando 913 mil MWh.
A companhia acelerou o hedge de açúcar tanto para a safra 20/21, como para a safra 21/22, após o encerramento do exercício social. Após essa data, os volumes fixados de açúcar para a safra 20/21 aumentaram para 1.094 mil toneladas (96% da cana própria), a um preço médio fixado equivalente a R$ 1.319/ton, e para a temporada 21/22 260 mil toneladas (23% da cana própria) a um preço de R$ 1.449/ton.
Quanto à temporada 2020/2021, o volume de moagem de cana-de-açúcar previsto está estimado em aproximadamente 23,2 milhões de toneladas, 2,5% superior em relação à safra anterior, resultado do aumento de produtividade dos canaviais.
Segundo Felipe Vicchiato, diretor financeiro da São Martinho, a empresa reavaliou sua previsão de safra em 300 milhões a menos do que o estimado inicialmente, isso por causa da seca entre abril e junho, que impactou as lavouras das usinas de São Paulo e Goiás. Em teleconferência, o executivo disse ainda que 80% da área da companhia é plantada com tecnologia MPB e meiose e que, nesta safra, entre 15% a 20% da área colhida, será fruto deste sistema, o que possibilita maior produtividade ao canavial.
Vicchiato comentou também sobre investimentos em etanol de milho, com a implantação de uma planta anexa à Usina Boa Vista/GO. O diretor contou que o Grupo contratou uma empresa especializada para apresentar um detalhamento do projeto, que ficou pronto no mês passado. Nos próximos três meses, o aporte será avaliado pela diretoria e comitê de investimento da São Martinho e até o final do ano, terão uma decisão sobre a implantação do projeto.