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Líder do DEM pede bom senso das usinas sobre os CBIOs do agricultor

Entidades do setor apoiam regulamentação que inclui produtores no RenovaBio

Líder do DEM pede bom senso das usinas sobre os CBIOs do agricultor

No último sábado (24), o convidado da programação de entrevistas da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana) foi o deputado e líder dos Democratas na Câmara Federal, Efraim Filho. O parlamentar, por sugestão anterior da Feplana e da União dos Plantadores de Cana do Nordeste (Unida), foi autor do Projeto de Lei (PL) 3149/20.

A proposta legislativa regulamenta e dá segurança jurídica aos produtores agrícolas de biomassa destinadas à fabricação de biocombustíveis no tocante ao recebimento dos créditos de descarbonização (CBIOs).

Essa participação vem sendo negada pelas usinas, o que tem gerado debates acalorados e risco de judicialização, inclusive pelo uso indevido dos dados ambientais do agricultor por parte de industrias para melhorar a sua pontuação e recebimento maior de CBIOs.

“O PL é um projeto de ganha-ganha, ou seja, ganha o produtor agrícola e o industrial. Porém, para isto é preciso ter maturidade e um diálogo entre as partes, sobretudo das usinas com os agricultores, no sentido de encontrar um consenso sobre a questão de modo a garantir transparência e estabilidade jurídica quanto ao pagamento dos CBIOs. Isso vai estimular a participação maior do produtor da biomassa, trazendo melhores resultados para todos os entes dessa cadeia produtiva “, disse Efraim durante entrevista conduzida pelo diretor técnico da Feplana, José Ricardo Severo.

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A proposta do deputado traz esses benefícios a todos porque define um critério objetivo, uma regra para todos a nível nacional. De forma enfática, Efraim destacou que isso significa transparência e segurança jurídica para a usina e para o agricultor. ‘Facilitará, ainda, o planejamento para ambos em relação aos custos de produção e também da receita vindoura”, completou.

O líder dos Democratas na Câmara dos Deputados e a Feplana não estão sozinhos neste entendimento. Contam com a adesão de todos os órgãos de canavieiros nos estados produtores, representados pela Orplana (Centro-Sul) e pela Unida (Nordeste). E mais um conjunto de outras entidades de produtores de biomassa (Aprosoja, Abramilho, Abrapalma), bem como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB).

Deputado federal Efraim Filho (DEM/PB) e o presidente da Feplana, Alexandre Andrade Lima

A CNA, por sinal, organizou uma reunião com as partes envolvidas (agricultores e industriais) na última quinta-feira (22). De um lado, esteve presente a Feplana, Orplana e Unida, o que equivale a todo o setor sucroenergético nacional, além do representante brasileiro do produtor de milho (Abramilho); e a Unica e Fórum Nacional Sucroenérgetico do outro lado, representando as usinas.

“Infelizmente, não houve bom senso por parte dos industriais, pedido pelo deputado Efraim na entrevista com a Feplana. Uma parte menor de usineiros não quer pagar nada de CBIOs ao agricultor, e outra parcela maior somente o que quiserem e quando desejarem.  Comportam-se como se fosse um favor com o agricultor e não a sua obrigação quando se leva em conta o ciclo de vida do biocombustível, onde até 70% da definição do CBIOs é oriundo do campo e não da fábrica”, diz Alexandre Andrade Lima, presidente da Feplana.

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O ciclo de vida do biocombustível é o balanço de carbono do plantio até o consumo dessa matriz energética renovável. Tal balanço é remunerado justamente através do CBIOs. Uma nova reunião entre as partes será realizada. Ainda não tem data definida. A única certeza dos produtores de biomassa, em especial a dos fornecedores de cana de Norte ao Sul do Brasil, é de que deve ser pago 100% de CBIOs ao agricultor de forma proporcional à matéria-prima enviada à usina, conforme descreve o PL 3149/20.

Recentemente, após quatro meses parado na Comissão de Agricultura da Câmara Federal, foi inclusive indicado o deputado José Mário Schreiner (DEM/GO) como relator da matéria. O parlamentar deve anunciar o parecer a qualquer momento. Lima diz que o político é um grande conhecedor da temática. Assim, acredita que o parecer será favorável à transparência e segurança jurídica também em favor do agricultor, como trata o líder dos Democratas e autor da propositura.

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O relatório do deputado José Mário, quando anunciado, seguirá para análise e votação dos membros da sua comissão. Sendo aprovado, será encaminhado para uma nova análise na Comissão de Constituição e Justiça. Na sequência, para a avaliação do Senado e, se aprovado, vai a sanção presidencial.

Antes disso, a Feplana, Orplana, Unida e as demais entidades dos produtores da biomassa dos biocombustíveis, assim como a CNA e a OCB cobram bom senso do setor industrial dos biocombustíveis e esperam que as usinas já comecem a praticar a justa distribuição do CBIOs proporcional ao fornecimento da matéria-prima do produtor rural.