Em seu esforço de resgatar a credibilidade da política econômica brasileira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se reuniu ontem em Washington com integrantes de organismos multilaterais, representantes do governo americano, executivos de empresas e consultores.
O ministro falou sobre as medidas de ajuste e transparência fiscal adotadas desde que assumiu o cargo, reafirmando a mudança de rota em relação à gestão de seu antecessor, Guido Mantega. Mas muitos dos convidados ao evento estavam mais interessados no escândalo da Petrobrás e em seu impacto sobre a economia brasileira, de acordo com relato de pessoas presentes à reunião, que foi fechada à imprensa.
Cerca de 30 pessoas participaram do encontro, organizado pelo Brazil Institute do Wilson Center, cujo diretor é o brasileiro Paulo Sotero.
Segundo reportagem publicada no Estado no domingo, Levy tem realizado uma série de encontros com representantes de bancos de investimentos, empresários e consultores na tentativa de resgatar a credibilidade da política econômica. A maioria desses eventos não aparece na agenda pública do ministro. O encontro de ontem não foi divulgado pela assessoria de Levy.
O ministro está desde sábado em Washington, onde moram sua mulher, Denise, e as duas filhas do casal. Sua agenda na cidade não foi informada pelo Ministério da Fazenda. Na sexta-feira, sua assessoria disse que Levy teria encontros reservados na capital americana, que não seriam divulgados previamente.
Seu único compromisso público nos Estados Unidos é uma apresentação que fará hoje em Nova York no Americas Society/Council of the Americas.
Depois da crise gerada pelo escândalo de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), o Brasil tenta retomar a relação com os Estados Unidos. Na semana passada, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, se reuniu em Washington com a secretária de Comércio, Penny Pritzker, e o Representante Comercial dos Estados Unidos, Michael Froman.
Com ambos, discutiu medidas de curto prazo para facilitar e desburocratizar o comércio bilateral. Se as negociações avançarem, esses pontos podem fazer parte da agenda de uma eventual viagem oficial da presidente Dilma Rousseff a Washington, ainda neste ano. A presidente cancelou a visita de Estado que faria ao país em outubro, em reação à revelação de que a NSA monitorou suas comunicações. Ainda não há uma nova data para a viagem, mas há a expectativa de que ela ocorra no segundo semestre.
(Fonte: O Estado de S.Paulo)