Jacyr Costa, presidente do Cosag (Conselho Superior do Agronegócio) da Fiesp, está confiante na rentabilidade da safra 2024/25, apesar das previsões de uma produção ligeiramente menor devido às condições climáticas menos favoráveis em comparação ao ano anterior.
No entanto, Costa ressalta que o mercado de etanol mostra sinais encorajadores, com um recente aumento na demanda, especialmente evidenciado pelo recorde de demanda registrado em janeiro e na primeira quinzena de fevereiro, quando as vendas de hidratado totalizaram 826,82 milhões de litros, um crescimento de 41,57%, conforme dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA).
Além disso, ele destaca o papel crescente do etanol na mobilidade e na descarbonização, refletindo uma tendência mais ampla em direção a fontes de energia renovável e menos poluentes.
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O presidente da Cosag menciona a evolução tecnológica no setor sucroenergético, incluindo o desenvolvimento de veículos híbridos movidos a etanol, incentivados tanto pelo governo federal quanto pelos governos estaduais, como um impulso adicional ao mercado.
A diversificação de produtos derivados da cana-de-açúcar, como o biogás, também é destacada por Costa como uma oportunidade promissora para o setor, oferecendo benefícios comerciais e ambientais.
“É um assunto muito debatido na Fiesp, pois a indústria paulista, como a de cerâmica, de vidros e outras, precisa de descarbonização e o setor sucroenergético pode oferecer este gás, que é um insumo muito importante para atender a essa demanda”, disse, citando também o biometano nesse contexto.
Vale lembrar que o setor tem um potencial de gerar 14,7 bilhões de metros cúbicos anuais de biometano e seu uso vem crescendo, reforçando o papel da cana-de-açúcar como um dos pilares da economia circular, ressaltando seu protagonismo no processo de descarbonização.
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Além disso, Costa enfatiza os esforços contínuos do setor para promover práticas agrícolas sustentáveis e investir em tecnologias mais limpas, visando a reduzir as emissões de carbono e a aumentar a eficiência.
Ao ser indagado se o biogás poderia ser, como muitos estão dizendo, o quarto produto da cana, porque há o açúcar, o etanol e a energia, Jacyr destaca a importância dessa pluralidade de produtos por seus benefícios comerciais com capacidade de geração de receitas para o setor.
“Eu diria que é o quinto, porque nós temos o CBIO, o mercado de carbono, então hoje há uma pluralidade de diversidade comercial, o que é muito bom porque minimiza riscos da cultura, então não só aumenta a receita como também reduz riscos da cultura e é uma cultura que, sem dúvida nenhuma, se já está há 500 anos no Brasil, vai ficar mais 500. Espero que a gente veja isso”, afirmou.
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O presidente do Conselho do Agronegócio da Fiesp também falou sobre a participação dos produtores na divisão das receitas da comercialização dos CBIOs, que ele considera justa, destacando a importância da cooperação entre usinas e produtores para o desenvolvimento sustentável do setor.
Ele enfatiza a interdependência entre usinas e produtores na cadeia produtiva, ressaltando que ambas as partes desempenham papéis essenciais e complementares.
“Eu acho justo, acho que tem de ter uma participação dos produtores. Vários grupos de usina já estão fazendo isso. É importante manter a cadeia. Eu acho que não vale a pena querer uma imposição, mas a polarização é muito ruim. É preciso se unir para poder fazer com que o setor progrida. Não existe usina sem produtor e não existe produtor sem usina”, finalizou Jacyr Costa.