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Itaú BBA estima superávit de 2,1 milhões de toneladas de açúcar na safra global

Preços do etanol continuaram o movimento de queda em agosto e início de setembro

Itaú BBA estima superávit de 2,1 milhões de toneladas de açúcar na safra global

As cotações do açúcar durante o mês de agosto foram influenciadas pelas quedas nos preços de petróleo e temores relacionados à possível recessão global.

O fator que evitou maiores desvalorizações nos preços de açúcar foi a preocupação com o mercado de gás natural na Europa, que vem sofrendo impactos relacionados ao seu fornecimento pela Rússia.

As cotações do gás natural têm atingido recordes históricos no continente. No caso das indústrias açucareiras essa alta de preços influencia diretamente no aumento do custo de produção e preocupação em relação a disponibilidade de energia para os próximos meses, principalmente com a chegada do inverno. Esse é o cenário que mostra o “Radar Agro” de setembro, boletim feito pelo setor de agronegócio do Itaú BBA.

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Segundo a publicação, além das incertezas relacionadas ao gás natural, a Europa também enfrenta uma piora no clima para a produção de beterraba, que pode impactar na redução de produtividade.

“Em meio a esse cenário, durante o início do mês de setembro os preços do açúcar refinado na bolsa de Londres subiram de forma significativa chegando aos USD 602,40/t (14/9) na tela de out/22. Os elevados preços em Londres fizeram com que o prêmio do branco (diferencial entre o VHP em NY com o refinado em Londres) atingisse patamares acima dos USD200/t, que incentiva a compra de VHP pelas refinarias e pode sustentar o mercado de NY”, explicou o banco.

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Sobre a safra em andamento na região Centro-Sul, o relatório ressalta que o mês de outubro será marcado pelo início da safra global 2022/23 (out/set), com alguns países do Hemisfério Norte começando a colheita da temporada.

“Para esta safra estimamos superávit de 2,1 milhões de toneladas, que pode pressionar os preços em NY. Porém, o volume superavitário é relativamente baixo e eventuais reduções de produtividade ou quebras de safra podem apertar o balanço global de O&D.”, disse.

Para o banco, é possível que a safra na UE pode apresentar redução na produtividade das beterrabas e, consequentemente no volume final de açúcar produzido. A questão do gás natural também traz preocupações em relação aos preços e a disponibilidade, já que as usinas de beterraba utilizam fonte de energia externa, sendo principalmente o gás natural. Com o início do inverno no Hemisfério Norte, é comum a redução dos estoques de gás e priorização de fornecimento para a população.

A instituição reforça ainda que a Europa pode aumentar o consumo de petróleo e derivados como alternativa para substituição da fonte de energia. Essa demanda adicional poderia minimizar as recentes quedas das cotações do petróleo.

Quanto ao Brasil, a publicação afirma que a safra na região Centro-Sul deve continuar maximizada para a produção de açúcar, com o preço mais competitivo do que o etanol e a demanda do VHP podendo ficar aquecida com o elevado patamar do prêmio de branco. “No entanto, é importante considerar que com o início do período de chuvas mais recorrentes, a produção de açúcar pode enfrentar maiores dificuldades industriais para produção do açúcar”, frisa.

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Sobre o etanol, o relatório mostra que, em Paulínia – SP, os preços continuaram o movimento de queda em agosto e início de setembro. “A desvalorização do preço do hidratado é resultado da nova dinâmica de precificação de combustíveis, que impactou o biocombustível ao longo do mês de agosto além da queda das cotações do petróleo no mercado internacional, o que fez com que a Petrobras realizasse nova redução de preço da gasolina A nas refinarias de R$ 0,25/l no dia 1/9”, relata.

De acordo com o Itaú BBA, este foi o quarto reajuste negativo consecutivo desde jul/22, totalizando uma redução total de R$ 0,78/l no preço da gasolina A nas refinarias neste período. “Para a continuidade da manutenção da competitividade do hidratado na bomba, os preços do biocombustível continuaram enfraquecendo”, reforça o banco.

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Para concluir, o banco ressalta que a oferta de etanol neste período é maior sazonalmente dado ATR (açúcar total recuperável) elevado e o volume de moagem, mesmo com o aumento do mix de produção para o açúcar.

‘Pelo lado da oferta, segundo o relatório da Unica, na região Centro-Sul as saídas de hidratado das usinas para o mercado interno caiu 6,2% em ago/22 comparado com ago/21, e 1,2% menor que jul/22. Em contrapartida, as saídas de anidro para o mercado interno em ago/22 aumentaram 20,5% comparado com ago/21. O aumento de oferta e redução de demanda também pressionam os preços de hidratado”, finaliza o banco.