O etanol se transformou no coração do processo de descarbonização da indústria automobilística brasileira. Em encontro em São Paulo, nessa quinta-feira (10/08), representantes das montadoras, autopeças e especialistas do setor se mostraram convencidos que o maior uso do biocombustível é a forma mais rápida, eficiente e barata para que o Brasil alcance suas metas de descarbonização até 2030.
A Stellantis, dona das marcas Fiat, Citroën, Jeep entre outras, tem em sua estratégia para o Brasil combinar o uso de etanol com a eletrificação de seus veículos. Segundo Antonio Filosa, presidente da companhia para América do Sul, o uso de etanol se mostra tão ou mais eficiente na redução de emissão de CO2 que os carros 100% elétricos europeus.
LEIA MAIS > Potencializando o Futuro Sustentável do Brasil
Dados internos da Stellantis mostram que a emissão de gases que provocam o aquecimento global foi de 60% em carros que usam gasolina. No caso de veículos europeus 100% elétricos, a emissão foi de 28%. Já nos motores flex, que usam apenas etanol, a emissão é de 26%.
“O mundo do ‘OU’ acabou. A gente vive o mundo do ‘E’. Nós vamos precisar de tudo o que estiver disponível, capaz de entregar a descarbonização”, disse Evandro Gussi, CEO da União da Indústria da Cana-de-açúcar e Bioenergia (UNICA).
Para ele, a eletrificação terá um papel importante na descarbonização, porém, o jeito mais rápido e barato para retirar carbono da atmosfera é usando mais etanol nos 40 milhões de veículos flex que já rodam no Brasil. “Você não precisa fazer praticamente nada”, disse Evandro.
LEIA MAIS > Estação de abastecimento de hidrogênio para Pesquisa & Desenvolvimento será construída na USP
A opinião que o etanol deve estar no foco das discussões do setor automobilístico também é compartilhada pela indústria de autopeças. Besaliel Botelho, ex-presidente da Bosh, considera que o hidrogênio será o combustível do futuro e que o etanol é a ponte que permitirá essa evolução.
“O etanol e a biomassa, como nós temos, são as melhores contribuições para a descarbonização, para que o Brasil possa estar em suas metas até 2030 e depois em 2050”, diz Botelho.