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Impacto do La Niña traz preocupações para a safra 2022/23 na região Centro-Sul

Safra atual terminará mais cedo devido aos impactos climáticos

Impacto do La Niña traz preocupações para a safra 2022/23 na região Centro-Sul

Estimativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), apontam prejuízos para a safra da cana 2022/23 da região Centro-Sul do Brasil, caso se confirme as chances de 70% de ocorrência do fenômeno La Niña, durante o período de primavera, que vai até dezembro.

O Cepea destaca que as chuvas devem continuar abaixo da média no Sul do Brasil, bem como em algumas áreas de SP e Mato Grosso do Sul. Por outro lado, nas regiões Centro-Oeste e Norte do país, as chuvas podem ser superiores à média.

Com isso, as atenções para os impactos climáticos na safra já se voltam para a nova temporada de cana-de-açúcar (2022/23), que começará oficialmente na região Centro-Sul apenas em abril do ano que vem. Além disso, a safra atual deverá terminar mais cedo do que o habitual em meio impacto climático dos últimos meses.

Os modelos de previsão para definição do evento El Niño Oscilação Sul (ENOS) do International Research Institute for Climate and Society (IRI), utilizados pelo Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), também apontam para uma probabilidade acima de 70% de que as condições de La Niña se iniciem durante a primavera de 2021 e permaneçam até o verão 2021/2022.

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O prognóstico climático para o mês de outubro indica redução da chuva e aumento da temperatura diurna, o que produz aumento da evapotranspiração, especialmente na segunda quinzena do mês. Para o mês de novembro, os modelos também apontam para uma redução de chuva, com predomínio de noites mais frias e dias mais quentes, padrão característico de períodos muito secos. Já para dezembro, são esperados padrões de chuva e temperaturas mais próximos da média climatológica.

As previsões trimestrais do Copaaergs são obtidas por meio do Modelo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPMET) da UFPel.

O boletim do Conselho é elaborado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 14 entidades públicas estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período.

Produção e preços afetados

“A atual safra (2021/22), que vem sendo marcada por fortes estiagens e geadas em algumas regiões brasileiras, pode terminar mais cedo do que o normal, prolongando a entressafra, o que pode sustentar os preços do açúcar nos próximos meses”, destacou o Cepea.

Sobre a produção, a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) estima que a moagem de cana na atual temporada recue 10,31%, sobre cerca de 600 milhões de toneladas em 2020/21, e uma quebra na próxima já é estimada em 11,25%. A entidade ressalta que a falta de mudas é um grande desafio para a temporada, com estimativa de queda de 15,39% no plantio.

Os preços dos derivados da cana-de-açúcar atingiram níveis recordes no mercado interno nos últimos meses. Em setembro, por exemplo, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal, mercado paulista, subiu 11,09% em relação à de agosto/21, indo para R$ 141,73/saca de 50 kg.

Segundo a Orplana, os preços de venda da cana no mercado spot chegam a ser de R$ 150 a R$ 160 por tonelada nas regiões em que há quebra maior de safra.

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Já no cenário internacional, as cotações do açúcar bruto caíram na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) no final de setembro em meio recente valorização do dólar norte-americano frente ao real, segundo o Cepea. No entanto, a tendência ainda é de alta para os preços.

Com relação à produção, a UNICA informou que a moagem acumulada até setembro apresentava queda de 6,62% em relação ao mesmo período do ciclo passado, totalizando 430,95 milhões de toneladas de cana. Os efeitos climáticos também refletem na produção de açúcar,  que apresentou até o mês passado, retração de 14,09%.