Usinas

FS anuncia investimentos de 2,3 bilhões na construção de nova planta de etanol de milho

No final de outubro, dia 28, a usina promoveu a inauguração oficial de sua segunda unidade em Sorriso, no Mato Grosso

Unidade de Sorriso foi inaugurada oficialmente no final de outubro
Unidade de Sorriso foi inaugurada oficialmente no final de outubro

A primeira empresa a apostar na produção de etanol de milho no Brasil, a FS já conta com duas usinas, e anunciou investimentos na ordem de R$ 2,3 bilhões para a construção de sua terceira unidade na cidade de Primavera do Leste, no Estado do Mato Grosso.

A futura planta terá capacidade para produzir 585 milhões de litros de etanol ao ano a partir da moagem de 1,3 milhão de toneladas de milho. A nova unidade será construída em duas etapas e irá gerar cerca de 8 mil empregos indiretos durante as fases de obras e 500 empregos diretos e indiretos durante o seu funcionamento. Os trabalhos de terraplanagem da unidade já foram iniciados e a planta tem inauguração prevista para 2023.

Parte do grão que abastecerá a primeira safra já está sendo comprada. Com a unidade na ativa, a FS alcançará uma capacidade nominal de produção de pouco mais de 2 bilhões de litros de etanol por ano.

“Primavera do Leste é uma região muito importante para a FS devido à grande oferta de milho e sua localização estratégica para distribuição dos nossos produtos”, afirma o CEO da FS, Rafael Abud.

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Rafael Abud, CEO da FS, na inauguração da planta de Sorriso – MT.

No dia 28 de outubro a empresa promoveu a inauguração oficial de sua segunda unidade, localizada na cidade de Sorriso, também em Mato Grosso. Com capacidade total de produção de 880 milhões de litros de etanol por ano; 212 mil toneladas de farelo de milho; 28 mil toneladas de óleo de milho e 190 mil MWh por ano de cogeração de energia.

“É com muito entusiasmo que inauguramos a nossa mais nova e maior unidade, localizada em uma região estratégica para a FS. Iniciamos nossas operações em junho de 2017, com a capacidade de produzir 275 milhões de litros de etanol por ano. Hoje, com as duas maiores plantas de etanol 100% de milho do país, em Lucas do Rio Verde e Sorriso, no Mato Grosso, já somamos mais de 1,4 bilhão de capacidade produtiva de litros de etanol/ano”, destaca o CEO da FS.

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Ministra Tereza Cristina conheceu a planta de Sorriso

A usina de Sorriso, que recebeu investimento de cerca de R$ 2 bilhões, é uma unidade eficiente do ponto de vista estratégico para a FS, pois aumenta a proximidade com os fornecedores da região e amplia as chances de negócio. Além de ter capacidade de armazenar 600 mil toneladas de milho, processa, diariamente, 2,7 mil toneladas do grão por dia. Mantendo essa média, pode ultrapassar a marca de 2 milhões de toneladas processadas neste ano safra. Do ponto de vista energético, a eficiência fica por conta da utilização da biomassa da nova unidade, proveniente de uma floresta de 30 mil hectares de eucaliptos, que fazem parte do projeto de incentivo do fomento florestal da FS.

“Fazemos aqui, um grande sistema integrado de produção de alimento e energia”, disse o CEO da FS, complementando “Com o nosso plano de investimento, que contempla ainda mais três unidades industriais até 2026, todas no estado de Mato Grosso, a FS atingirá a marca de capacida.de produtiva de, aproximadamente, 5 bilhões de litros de etanol por ano,” completa Abud.

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Milho aumenta sua participação

Para a safra 2021/2022, a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de uma produção de 29,2 bilhões de litros de etanol. No Brasil, o biocombustível, além de utilizar a cana-de-açúcar como matéria-prima, avança no uso do milho. São 3,36 bilhões de litros de etanol de milho estimados pela Conab para a temporada, aumento de 29,7% em relação ao período anterior, demonstrando o interesse das usinas em utilizar a matéria-prima, abundante no país, principalmente na região Centro-Oeste.

Luciano Rodrigues,  da UNICA

E a tendência é de um aumento ainda maior nos próximos anos. Durante a inauguração da planta da FS, em Sorrido, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, avaliou que este modelo agrega valor para os produtos agropecuários. “O milho, que antes era um produto de baixíssimo valor, hoje tem um mercado firme não só para alimentação, mas também para a produção desse combustível limpo que é tão importante hoje para essa pauta de sustentabilidade. Esse é um exemplo das boas coisas que o Brasil vem fazendo na agricultura”, disse.

Apesar de representar ainda 8% da produção total desse biocombustível, o etanol de milho “veio para ficar”, na visão de Tereza Cristina. “A complementaridade do etanol de milho é excelente para a agropecuária brasileira, porque produz o etanol, o DDG para uso em confinamento bovino e a biomassa para geração de energia”.

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Segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a produção deve alcançar, em 2030, 9,65 bilhões de litros. O avanço significaria 185% a mais do que será produzido nesta safra. A previsão é feita com base em anúncios de investimentos em novas plantas de etanol de milho ou de expansão das já existentes, como é o caso da indústria de Sorriso. Já a produção de DDG no Brasil deve ultrapassar 2 milhões de toneladas em 2021/22, valor 60% maior que as 1,3 milhão toneladas produzidas na safra anterior, de acordo com a Unem. A entidade também projeta alcançar 6 milhões de toneladas do farelo proteico até 2029.

Antônio de Pádua Rodrigues, da UNICA

Para Luciano Rodrigues, gerente de economia e análise setorial da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o aumento da participação do milho é fundamental para consolidar o etanol na matriz energética e manter as metas de descarbonização do RenovaBio. “De acordo com as metas do RenovaBio, a produção de etanol tem que crescer dos atuais 30 para algo próximo de 50 bilhões de litros. Por isso, é fundamental esse avanço do etanol de milho para complementar essa oferta, sem a necessidade de competição entre uma matéria-prima e outra, para lá no fim a gente oferecer um biocombustível cada vez mais limpo”, disse.

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O diretor Técnico da UNICA, Antônio de Pádua Rodrigues, lembra que o etanol de milho não é concorrente ao etanol de cana. “Nós estamos juntos para substituir o combustível fóssil. Uma das vantagens do milho é a alternativa de estocar a matéria-prima por seis meses, coisas que a cana não permite. Com a questão da seca, o grão também foi afetado, mas o seu   processo comercia fez com que não fosse prejudicado, diferentemente da cana. O etanol de milho complementa, hoje, a oferta do biocombustível em torno de 12 a 13% e mais de 3,5 bilhões de litros de etanol carburante. O que falta talvez um pouco ainda é para gerar CBIO. A cana é mais fácil obter essa certificação, porque você consegue identificar a origem da matéria-prima”, explica.

Lhais Sparvoli, do Sindalcool-MT

A diretora executiva do Sindalcool-MT, Lhais Sparvoli, destaca o momento importante vivido pelo etanol. “Temos um combustível super sustentável, que tem que ser mais divulgado. Hoje se fala tanto dos carros elétricos, mas no Brasil um estudo da Unicamp, mostra que o etanol brasileiro emite menos gás carbônico do que o carro elétrico se for levado em consideração a vida útil do carro. Então precisamos divulgar isso, e mostrar esse potencial do Brasil, para a gente começar a exportar essa tecnologia para fora”, ressaltou.

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Lhaís explica que “graças à produção de etanol milho, Mato Grosso aumentou, nos últimos 5 anos, 200% da produção de etanol. Estamos usando milho de segunda safra, ou seja, não tem desmatamento. Estamos investindo em tecnologia, então deveremos ter um aumento significativo na produção de etanol de milho para os próximos anos, ajudando a produção de etanol no Brasil. Isso é um caminho sem volta”, concluiu.