Usinas

FS amplia escoamento de etanol de milho sobre trilhos

Com três empresas envolvidas, esta parceria ampliará o uso do modal ferroviário, elevando o volume transportado de 50 milhões para 75 milhões de litros de etanol ao mês

FS amplia escoamento de etanol de milho sobre trilhos

A FS apresentou seu mais recente investimento (R$ 115 milhões) na última semana: os novos vagões-tanque que vão escoar sua produção de etanol de milho via ferrovia.

Com os primeiros vagões entrando em linha em janeiro, a previsão é que entre abril e junho, os 80 vagões adquiridos já estejam em plena operação, transportando 45% da sua produção pelos trilhos, na rota entre Lucas do Rio Verde e Sorriso – MT até Paulínia – SP.

Dos 1,5 bilhão de litros de etanol produzidos anualmente pela FS, cerca de 50% têm como destino essas regiões. Além da economia de custos, a operação também reduzirá as emissões de carbono do transporte em 50%, substituindo 15 mil viagens de caminhões por ano nas estradas.

LEIA MAIS > FS investe em vagões da Rumo e aumenta o seu volume transportado por ferrovia

O JornalCana fez parte da visita à fábrica da Greenbrier Maxion, na última semana, para conhecer o vagão tanque

Numa parceria inédita de negócios, o projeto, divulgado em novembro passado, conta com três empresas envolvidas. A FS, a Greenbrier Maxion que está produzindo os vagões tanque e a Rumo que fará o transporte ferroviário.

Durante visita à fábrica da Greenbrier Maxion, em Hortolândia – SP, na última quinta-feira (19), na qual o JornalCana marcou presença, os representantes das empresas falaram da parceria que irá ampliar o uso do modal ferroviário, elevando o volume transportado de 50 milhões para 75 milhões de litros de etanol ao mês.

Segundo o diretor comercial da FS, Paulo A. Trucco da Cunha, a parceria com a Rumo já existe há dois anos, sendo ampliada agora com a aquisição dos vagões.

Paulo A. Trucco da Cunha, diretor comercial da FS

“O volume de etanol de milho transportado sairá das nossas duas unidades, muito em função da nossa disponibilidade e depois, também da nossa terceira planta, localizada em Primavera do Leste - MT, que deverá iniciar a operação ainda neste primeiro semestre”, disse, completando que a produção da nova unidade elevará a capacidade de produção total da companhia para 2 bilhões de litros de etanol/ano.

LEIA MAIS > GVO conclui primeira etapa de pagamento de credores trabalhistas

Rafael Abud, CEO da FS, afirmou que “a ampliação da nossa capacidade de transporte ferroviário está alinhada com a estratégia da FS de buscar atender os mercados com a máxima eficiência logística e menor pegada ambiental”.

Luís Gustavo Rocha Vilas Boas, diretor de vendas e marketing da Greenbrier Maxion

O etanol, que sai das unidades no Mato Grosso, seguirá em rota rodoviária até Rondonópolis – MT e de lá para Paulínia – SP, em linha férrea, passando pelo estado do Mato Grosso do Sul e atravessando o estado de São Paulo até chegar ao principal mercado consumidor de combustíveis do país, percorrendo aproximadamente 1.200 km.

A Rumo já transporta aproximadamente 45% do volume de diesel do estado de Mato Grosso. Em 2022, a operação registrou um aumento de mais de 20% no transporte de biocombustíveis.

LEIA MAIS > BP Bunge pretende eliminar uso de fertilizante mineral até 2025

De acordo com o vice-presidente Comercial da Rumo, Pedro Palma, os vagões de combustíveis rodam praticamente cheios o tempo todo, com capacidade disponibilizada. “Os fluxos são planejados para a melhor eficiência logística. O vagão investido pela FS vai no sentido Mato Grosso – Paulínia e retorna com derivados de petróleo para serem distribuídos por todo estado”, destaca.

Fábio Henkes, diretor comercial da Rumo

Luís Gustavo Rocha Vilas Boas, diretor de vendas e marketing da Greenbrier Maxion, destaca a importância da parceria entre indústria, operadora e usuário final na aquisição de material rodante.

“Os vagões foram desenvolvidos com tecnologia de ponta, inovação e toda expertise da área de engenharia, atendendo as especificações técnicas da FS e da Rumo, proporcionando redução de custo, eficiência energética e produtividade para todo o ciclo, tornando assim o transporte ferroviário de carga mais competitivo e sustentável”, observa.

LEIA MAIS > Chuvas prolongam moagem canavieira do Norte e Nordeste

O diretor comercial da Rumo, Fábio Henkes, ressalta a questão da sustentabilidade na operação se referindo à questão do ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance).

Vicente Abate, presidente da Abifer

“A partir do momento em retiramos alguns caminhões e trocamos modais, isso traz sustentabilidade para a logística brasileira. O mercado de combustíveis é superimportante no Brasil. Em 2022 o mercado de diesel no Mato Grosso cresceu quase 10%, e a produção do etanol de milho é uma novidade que veio nos últimos 5/6 anos para fortalecer ainda mais essa nossa logística“, disse.

Para Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), o setor tem muito a contribuir nesta questão da sustentabilidade.

“Em termos de ferrovia a gente já está com digitalização em locomotivas. Logo vem o hidrogênio verde, e neste cenário,  os biocombustíveis são extremamente importantes. Vamos ter cada vez mais tecnologia agregada a vagões e locomotiva. A indústria está preparada para isso e vai evoluir mais com essas inovações e fazer produtos cada vez mais sustentáveis“, avalia Abate.