O florescimento afeta os canaviais da região Centro-Sul do país nesta segunda metade da safra 2015/16.
Apesar de ser registrado principalmente nos primeiros quatro meses do ano, o fenômeno é visível nessa segunda quinzena de agosto na maioria das áreas canavieiras do interior do estado de São Paulo.
Analistas e empresários do setor, ouvidos pelo Portal JornalCana, são unânimes em afirmar: 20% dos canaviais disponíveis para a atual safra estão comprometidos pelo florescimento.
O fenômeno gera perdas no peso final da produção em toneladas e resulta na perda de açúcar, em menos quilos de ATR por tonelada, uma vez que parte do açúcar armazenado é consumido desde o início do desenvolvimento a até a emissão das panículas (flores).
Esse ‘roubo’ de açúcar reduz o ATR e essa perda já é confirmada pelas usinas do Centro-Sul.
Em seu último relato de acompanhamento da safra 2015/16, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), com números de moagem de até 31 de julho, confirmou 124,66 quilos de ATR por tonelada, queda de 3,20% ante o resultado de mesmo período da temporada anterior.
O florescimento não é o único responsável pela queda do ATR por tonelada.
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“Não é possível confirmar isso, porque essa perda resulta também da falta de investimento nos canaviais, devido à crise do setor sucroenergético”, afirma engenheiro agrônomo que pediu para não ser identificado.
Segundo ele, a quebra de produtividade agrícola da safra em andamento deve muito às flores.
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Se os 20% de canaviais florescidos forem confirmados, a segunda etapa da safra 15/16 no Centro-Sul tende a comprometer os resultados projetados para a temporada.
Conforme a Unica, até 31/07 as usinas do Centro-Sul moeram 279,4 milhões de toneladas, quantidade 0,36% inferior à moagem registrada no mesmo período do ciclo 14/15. Sendo assim, das projetadas 590 milhões de toneladas de toda a safra falta moer 310,6 milhões de toneladas.
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Significa, então, que os 20% de florescimento devem afetar 62 milhões das toneladas de cana que esperam pela moagem.
Perdas
Em outra projeção, feita a profissionais pelo Portal JornalCana, estima-se que o florescimento pode gerar uma perda de até 5 quilos de ATR por tonelada. Essa quantidade versus os 62 milhões de toneladas passível de infecção totalizam 310 milhões de quilos a menos de ATR na 15/16.