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Fitch revisa classificação da usina de cana Jalles Machado

Fitch revisa classificação da usina de cana Jalles Machado

jaA agência de classificação de riscos Fitch Ratings revisou o rating (classificação) da companhia sucroenergética Jalles Machado S.A. de negativa para estável.

Tecnicamente, a Fitch afirmou os IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de  Probabilidade  de  Inadimplência  do  Emissor)  de  Longo  Prazo  em  Moedas  Estrangeira  e  Local  da  Jalles Machado  S.A.  em  ‘B+’  (B  mais)  e  seu  Rating  Nacional  de  Longo  Prazo  em  ‘A­(bra)’  (A menos(bra)). Com isso, a perspectiva dos ratings foi revisada para Estável, de Negativa.

Clima favorável

A revisão da perspectiva para estável reflete as perspectivas mais favoráveis, de curto a médio prazo, em relação o volátil setor brasileiro de açúcar e etanol.

Além disso, a Fitch considerou a melhora da geração de fluxo de baixa e liquidez da Jalles Machado, apesar do cenário ainda difícil para o setor. A companhia deverá reportar fluxo de caixa livre (FCF) positivo e índice caixa/dívida de curto prazo em torno de 1,0 vez no exercício encerrado em 31 de março de 2016.

Segundo a Fitch, os ratings da Jalles Machado são beneficiados pelo forte modelo de negócios, pela moderada alavancagem e por robustas margens operacionais.

A companhia conta com uma carteira de produtos de alto valor agregado, que inclui açúcar orgânico de marca e cristal, assim como a parcela remanescente de sua produção de energia. Positivamente, a Jalles Machado se beneficia de incentivos fiscais na venda de açúcar e etanol e dos preços relativamente  baixos  do  arrendamento  de  terras.

Os  ratings  incorporam  o  forte  desempenho  agrícola  da companhia devido aos seus adequados investimentos em canaviais, ao uso de irrigação em relevante parcela de sua área de corte e a autossuficiência em cana­de­açúcar, o que explica a menor volatilidade da geração de fluxo de caixa operacional da companhia em comparação aos seus pares.

FCF Positivo

Pelas  projeções  da  Fitch,  a  Jalles  Machado  deverá  registrar  FCF  positivo  médio  de  BRL100  milhões  nos exercícios de 2016 e 2017. A companhia reportou FCF positivo de BRL30 milhões em 2015 e de BRL106 milhões nos últimos 12 meses encerrados em 31 de dezembro de 2015, apesar do desafiador cenário de preços do açúcar na maior parte do período.

O fluxo de caixa das operações (CFFO) totalizou BRL378 milhões no mesmo período, ou 48% superiores aos BRL254 milhões reportados no exercício de 2015 e suficiente para cobrir os BRL261 milhões de investimentos. O fluxo de caixa da Jalles Machado foi beneficiado pelos volumes recordes de cana­de­açúcar moída, pelo foco nos produtos de alto valor agregado e por uma abordagem disciplinada em relação aos investimentos.

A  companhia  moeu  4,6  milhões  de  toneladas  de  cana-­de-­açúcar  na  safra  2015/2016,  comparando ­se favoravelmente aos 4,4 milhões na temporada anterior. A plena capacidade atingida pela Usina Otavio Lage (UOL), aliada aos recentes investimentos na expansão da área de colheita e produção agrícola acima da média, deverá assegurar um bom desempenho na moagem para a próxima temporada a se encerrar em 31 de março de 2017.

O momento é positivo para o açúcar e o etanol, pois os preços internacionais do açúcar começaram a refletir  a  expectativa  de  déficit  e  redução  do  índice  estoques/utilização  na  atual  temporada  global,  também contribuindo para a expectativa de que a Jalles Machado registre FCF positivo na safra em curso.

Melhora da liquidez

A Fitch acredita que a Jalles Machado deverá reportar posição de caixa em torno de BRL280 milhões e índice caixa/dívida  de  curto  prazo  de  aproximadamente  1,0  vez  em  2016.  Isso  se  compara  favoravelmente  com  a cobertura da dívida de curto prazo pelo caixa, de 0,45 vez, em 31 de dezembro de 2015.

A manutenção de posição de caixa fraca no terceiro trimestre do ano safra de 2016 foi em grande parte motivada pela estratégia da companhia de formar estoques, na expectativa de aumento dos preços do açúcar e etanol durante a entressafra. Embora as suas posições de caixa e da dívida de curto prazo tenham totalizado BRL93 milhões e BRL317 milhões, respectivamente, a companhia reportou posição robusta de estoques, de BRL340 milhões a valores de mercado. A estratégia compensou, porque os preços do açúcar cristal e do etanol aumentaram substancialmente no último trimestre do ano safra de 2016.

Em 2015, a liquidez da Jalles Machado também foi beneficiada pela venda de seus 65% de participação na Codora Energia Ltda. (Codora) para a Albioma Participações do Brasil (Albioma).

Alavancagem Moderada  

A Fitch acredita que a Jalles Machado deverá reportar alavancagem líquida ajustada em torno de 2,2 vezes no exercício de 2016, comparando-­se favoravelmente às 3,1 vezes reportadas em 31 de março de 2015, e bem abaixo da média do setor. A companhia registrou alavancagem líquida de 2,6 vezes no período de 12 meses encerrado em 31 de dezembro de 2015.

A redução dos índices de alavancagem projetada pela Fitch para o exercício de 2016 reflete a expectativa de FCF positivo durante o ano e o recente fortalecimento do real frente ao dólar, em comparação com a taxa de 31 de dezembro de 2015. Nesta data, a dívida ajustada consolidada, incluindo as obrigações relativas ao arrendamento de terras era de BRL1,2 bilhão, do qual, a dívida denominada em dólares respondia por 36%. Os pagamentos do principal e juros até março de 2017 estão protegidos por derivativos.

Margens de EBITDAR acima

A Jalles Machado oferece uma carteira de produtos diferenciada, que contribui para as margens de EBITDA em uma faixa de 66% a 75%, que se compara favoravelmente à média do setor. No período de 12 meses encerrado em 31 de dezembro de 2015, as receitas líquidas aumentaram 16% para BRL625 milhões, e o EBITDAR totalizou BRL468 milhões, com margem de 75%.

A carteira de produtos de alto valor agregado da companhia inclui a venda de açúcar orgânico de marca e açúcar cristal. Este último detém importante participação nos mercados de varejo do Norte e Nordeste do Brasil. Os preços destes dois produtos têm alto valor agregado em relação ao açúcar VHP. O mix de produtos também inclui a venda de etanol hidratado, anidro e industrial.

As  altas  margens  operacionais  também  refletem  os  incentivos  fiscais  concedidos  pelo  Estado  de  Goiás  à companhia, pela venda de açúcar e etanol. No período de nove meses acumulado até 31 de dezembro de 2015, os  incentivos  tributários  somaram  BRL28  milhões  ao  EBITDAR  da  Jalles  Machado.

Os  baixos  custos  de arrendamento  de  terras  da  companhia,  bem  abaixo  da  média  do  Estado  de  São  Paulo,  também  têm  um importante papel. A autossuficiência em cana­de­açúcar tem impacto contábil positivo nas margens da Jalles Machado. Como as despesas com os canaviais são contabilizadas como despesas de capital, em lugar de custos, quanto maior a parcela de cana­de­açúcar própria no mix, maiores serão as despesas de capital e menor o impacto no EBITDAR.