A agência de classificação de risco Fitch afirmou os Ratings de Probabilidade de Inadimplência do Emissor (IDR) em moeda estrangeira e local da sucroalcooleira Biosev em “BB-“ e seu Rating Nacional de Longo Prazo em “A+(bra)”. A Fitch removeu a observação negativa dos ratings e atribuiu perspectiva negativa.
Conforme a agência, a perspectiva negativa reflete os desafios que a companhia ainda terá que enfrentar ao longo da nova safra, a 2015/16, para que seu fluxo de caixa livre (FCF) atinja o “breakeven” e para melhorar seu perfil de crédito em meio a um cenário de preços reprimidos de açúcar e etanol.
Conforme a Fitch, a Biosev, controlada pela francesa Louis Dreyfus Commodities, continua investindo no plantio e em cuidados para melhorar sua produtividade agrícola e aumentar a utilização da capacidade instalada.
“Os preços do açúcar e etanol, no entanto, devem permanecer sob pressão, apesar das melhoras na dinâmica do setor em 2015, frente a 2014. A geração de fluxo de caixa operacional mais robusto na nova safra, que se encerra em 31 de março de 2016, também dependerá da manutenção de condições climáticas favoráveis, como ocorreu no início de 2015”, avaliou a Fitch.
Conforme a agência, a remoção da Observação Negativa incorpora as expectativas de que a Biosev continuará a administrar sua liquidez acessando financiamentos de médio e longo prazos junto a instituições financeiras, apesar do aumento do risco sistêmico no setor brasileiro de açúcar e etanol.
Os ratings da Biosev incorporam o persistente aumento da alavancagem e sua grande capacidade de moagem, aliadas a um modelo de negócios diferenciado, baseado em clusters industriais e agrícolas em uma mesma região, o que lhe proporciona fortes vantagens competitivas no setor brasileiro de açúcar e etanol, na visão da Fitch.
Conforme a agência, a Biosev deve restabelecer sua posição de caixa e melhorar o índice caixa/dívida de curto prazo em 2015, na medida em que a estratégia da companhia de formar estoques na expectativa de aumento dos preços do etanol durante a entressafra foi recompensada, dado o aumento dos preços do etanol registrados em janeiro e fevereiro de 2015. A agência acredita que a Biosev reportará caixa em torno de R$ 2,0 bilhões em 31 de março de 2015 e redução da dívida de curto prazo após a venda dos estoques no quarto trimestre do ano safra 2014/15. Em 31 de dezembro de 2014, os estoques da companhia eram superiores a R$ 1 bilhão.
A Biosev continua tendo acesso a financiamentos de médio e longo prazos, conforme a Fitch. Em janeiro, fechou uma linha sindicalizada de oito instituições financeiras, de US$ 318 milhões (aproximadamente R$ 860 milhões), de adiantamento a exportações, com prazo de três anos. O crédito vence em abril de 2018 e é garantido pelo penhor de canaviais e estoques da Biosev.
“A companhia rolou créditos em 2015 para melhorar o perfil de vencimento de sua dívida e aliviar a pressão de curto prazo sobre o fluxo de caixa”. A agência observa que, em 31 de dezembro de 2014, o caixa era de R$ 190 milhões, que se comparava desfavoravelmente com a dívida de curto prazo, de R$ 1,9 bilhão, resultando em cobertura de 0,10 vez. Em 31 de março de 2014, a Biosev havia reportado posição de caixa de R$ 1,8 bilhão e dívida de curto prazo de R$ 2,1 bilhões. A posição dos estoques da Biosev dobrou para R$ 1 bilhão em 31 de dezembro de 2014, de R$ 505 milhões em 31 de março de 2014.
(Fonte: Valor Econômico)