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Faturamento com exportações do agro é recorde no 1º semestre

Mesmo com volume exportado menor, os preços em dólar subiram 28%

Faturamento com exportações do agro é recorde no 1º semestre

Os preços de produtos do agronegócio têm se elevado desde o início de 2021 devido ao forte crescimento da demanda mundial por alimentos e energia.

Em 2022, a guerra na Ucrânia agravou o quadro de oferta e demanda, que já estava apertado por conta da pandemia, que, vale lembrar, levou à redução das operações entre os países produtores, com consequentes desarranjos nas cadeias globais de valor e aumento no frete marítimo.

“O cenário de preços em forte alta no mercado internacional garantiu ao agronegócio brasileiro, importante exportador mundial de alimentos e energia, sucessivos recordes nas vendas externas”, explica pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

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Pesquisas do Centro realizadas com base em dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia), mostram que, de janeiro a junho de 2022, o volume exportado pelo agronegócio nacional recuou 1% frente ao mesmo período do ano anterior, mas os preços em dólar subiram 28%.

Diante disso, o faturamento somou US$ 79 bilhões no primeiro semestre, sendo 26% acima do registrado no mesmo período de 2021 e um recorde.

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“Mesmo diante de faturamento em dólar recorde, em moeda nacional, a receita real não apresentou o mesmo desempenho, devido ao processo inflacionário observado no Brasil ao longo do primeiro semestre de 2022. A alta do preço real em Reais no primeiro semestre de 2022 frente ao mesmo período de 2021 se limitou a aproximadamente 6%”, mostra o estudo.

Quanto aos produtos exportados pelo agronegócio nacional de janeiro a junho deste ano, os do complexo da soja continuam liderando o desempenho do setor. A soja em grão e seus derivados representaram quase 48% do faturamento externo do agronegócio no primeiro semestre de 2022, seguidos por carnes, produtos florestais, café e os do complexo sucroalcooleiro.

Do lado comprador, o destaque foi a China, como esperado (representando 35% do faturamento externo do agronegócio), seguida pela União Europeia e pelos Estados Unidos (com 16% e 6,5%, respectivamente).

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DIVISAS – O Cepea ressalta ainda, que nos primeiros seis meses de 2022, a participação do agronegócio no saldo comercial do país foi de 48%, superando a participação obtida no mesmo período de 2021. Com esse resultado, a balança comercial do setor (exportações menos importações de produtos agrícolas) ficou positiva, em mais de US$ 70 bilhões, compensando o déficit comercial dos outros setores da economia brasileira e contribuindo para um superávit comercial de mais de US$ 30 bilhões.

PERSPECTIVAS – “As atenções neste segundo semestre estão voltadas ao andamento da safra no Hemisfério Norte. A colheita nos Estados Unidos e a evolução dos embarques dos grãos ucranianos terão papel crucial na contenção da escalada dos preços dos alimentos – que, ressalta-se, já tem mostrado certa desaceleração”, afirma o centro de pesquisa.

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Assim, se o primeiro semestre de 2022 foi marcado pelas inflações de energia e de alimentos no mundo, devido à guerra na Ucrânia e seus desdobramentos, para o segundo semestre, o combate à inflação, que se dará pela continuidade da alta dos juros nos Estados Unidos e na Europa, tem elevado o temor de uma recessão na economia mundial nos próximos meses, o que pode auxiliar a conter a alta dos preços externos de commodities.

Isso porque o resultado dessas políticas pode ser uma menor pressão da demanda e crescimento na oferta, retirando espaço para altas intensas nos preços dos alimentos, e, claro, caso não haja perdas significativas na oferta global, por conta de eventos climáticos adversos.