A Czarnikow avalia que a Índia poderá deixar de cumprir a cota de exportação de açúcar de 6 milhões de toneladas desta temporada, devido à escassez contínua de contêineres. “A escassez também pode fazer com que mais açúcar seja exportado a granel, em vez de em contêiner”, afirma a analista da trading, Fiona Tan.
De acordo com a trandig, a primeira metade do ano é o período nobre para a Índia exportar, já que a monção torna a logística mais difícil no terceiro trimestre.
Houve uma escassez de contêineres nos portos indianos nos últimos cinco meses. Nesse período, as taxas de frete para as exportações de açúcar da Índia triplicaram (de US $ 500 para US $ 1.800 de Chennai a Hamburgo, por exemplo).
A disponibilidade limitada de contêineres significa que as chamadas regulares de navios foram reprogramadas, isso aumentou ainda mais os custos de frete, visto que a disponibilidade de slots para navegação em contêineres foi reduzida.
Com isso, a Índia pode deixar de cumprir sua cota de exportação de açúcar de 6 milhões de toneladas.
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Este cenário foi formado a partir do segundo semestre de 2020, quando as exportações de contêineres da Índia aumentaram 18% conforme a demanda global se recuperou com o fim dos bloqueios de COVID-19.
No mesmo período, as importações da Índia caíram, o que significa que sua capacidade usual de reutilizar esses contêineres para exportação foi limitada. De acordo com a analista, isso significa que a Índia usou seu buffer de 10-15%, que normalmente é reservado para as exportações de qualquer commodity, incluindo açúcar.
Segundo a Czarnikow, a maior parte do açúcar branco da Índia é exportada em contêineres, sendo que em 2020, 81% de um total de 3 milhões de toneladas de açúcar branco de usina foram exportados dessa forma.
“Se as exportações de fevereiro não se recuperarem, acreditamos que a Índia poderá atingir apenas 4 a 5 milhões de toneladas de exportações”, ressaltou Fiona, afirmando que a escassez de contêineres provavelmente afetará principalmente a disponibilidade de açúcar branco, pois este é o principal método para o transporte do açúcar branco.
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A Czarnikow afirma que na última temporada, as usinas indianas forneceram ao Sri Lanka (723 mil), ao Afeganistão (684 mil) e à China (108 mil) açúcar branco em caixas. Esses destinos não levaram açúcar indiano em navios a granel, ao contrário da África Oriental (Somália, Sudão e Djibuti).
A trading acredita que o fornecimento global de contêineres se normalizará em algum momento do segundo trimestre de 2021, ou seja, na metade do período de pico de exportação da Índia.
“Nos últimos nove anos, as exportações de açúcar do terceiro trimestre da Índia foram cerca de 23% menores do que as do segundo trimestre, uma vez que as monções tornam a logística mais difícil”, explica a analista, lembrando que nos últimos anos, foram registradas inundações em altas estações, filas de caminhões nos portos e ventos fortes prejudicando as operações portuárias.
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Em última análise, a trading afirma que tudo estes fatos afetam os horários de atracação do navio, o que significa que os horários de navegação (chegada e partida) podem ser adiados. Portanto, poderá haver mais exportações indianas via remessa a granel no curto prazo para contornar a escassez de contêineres.
“No ano passado, 4,5 milhões de toneladas de açúcar da Índia foram exportadas a granel. No longo prazo, a Índia planeja expandir sua disponibilidade de contêineres fabricando seus próprios; a viabilidade disso está sendo explorada”, conclui a trading.