O câmbio tem sido favorável às exportações brasileiras, principalmente no caso do açúcar, que registrou um aumento de 91,5% em julho diante do mesmo período do ano anterior, passando de 1,821 milhões de toneladas para 3,487 milhões de toneladas.
O volume é próximo do recorde de embarques mensais registrado em setembro de 2017, que foi de 3,5 milhões de toneladas.
O destino principal do produto foi o continente asiático, principalmente o mercado chinês, grande demandante das commodities agrícolas e que está se recuperando primeiro da crise da Covid-19, à frente dos Estados Unidos e da Europa, segundo dados divulgados pela a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, nesta segunda-feira (3).
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De acordo com a Secex, houve aumento de quantidade em todas as categorias de produtos exportados, com redução dos preços, na comparação de julho de 2020 com o mesmo mês do ano passado.
Os destaques em quantidades foram os crescimentos dos embarques da indústria extrativa mineral (+41,2%) e da agropecuária (+21,1%), mas os preços diminuíram, principalmente na indústria extrativa (-28,5%) e na indústria de transformação (-13%).
Nas importações, houve redução no quantum, principalmente na indústria extrativa (-51,6%) e na de transformação (-20,9%), que responde pela maioria das importações brasileiras. Nos preços também houve redução, com diminuição de 19,5% na indústria extrativa, de 11% em agropecuária e de 7,4% nas indústrias de transformação.
As exportações do mês apresentaram queda de 2,9% em relação a julho de 2019 – quando chegaram a US$ 20,2 bilhões –, refletindo a redução de 14,7% nos preços dos bens exportados, apesar de um crescimento de 13,4% no total de embarques, medidos pelo índice de quantum.
Já nas importações, houve redução de preços (-7%) e de quantidades (-27,7%), o que motivou uma queda de 35% em relação aos números de julho de 2019, quando as compras externas atingiram US$ 17,8 bilhões.
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O saldo positivo de julho de 2020 representou uma alta de 237,1% em relação ao superávit de julho do ano passado, que foi de US$ 2,4 bilhões.
Assim, a balança comercial brasileira registrou um superávit mensal recorde no mês de julho, com saldo positivo de US$ 8,1 bilhões, considerando toda a série histórica iniciada em 1989. O recorde anterior era de maio de 2017, com US$ 7,7 bilhões.
O superávit resultou de exportações no valor de US$ 19,6 bilhões e importações de US$ 11,5 bilhões, totalizando uma corrente de comércio de US$ 31,1 bilhões.
Em coletiva de imprensa online, o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, destacou a representatividade da agropecuária nas quantidades exportadas, com alta de 20,5% em relação aos embarques de janeiro a julho do ano anterior. Ferraz observou que esses números refletem “a alta resiliência das exportações da agropecuária e do agronegócio em geral”.
Segundo ele, essa resiliência se deve à própria característica desses produtos, que são produtos alimentares e estão menos sujeitos a flutuações de renda. “Foram cadeias de suprimentos menos afetadas na crise provocada pela Covid-19, comparando-se às cadeias manufaturadas e de serviços, e foram ajudadas por um dólar em condições mais favoráveis, ajudando e impulsionando as nossas exportações”, explicou.
A Secex prevê, para o final deste ano, uma redução da ordem de 10,1% nas exportações e de 17% nas importações, na comparação com o ano passado.