Entre 20 a 30 usinas de cana-de-açúcar da região Centro-Sul do País irão estender a moagem da safra 2015/16 até março do próximo ano.
A informação foi confirmada ao Portal JornalCana por Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) nesta segunda-feira (30/11), durante o evento World Bio Markets Brasil, na capital paulista.
Na entrevista a seguir, Padua detalha a ‘estratégia’ dessa extensão de safra, como ficam os estoques de etanol anidro e hidratado na entressafra e comenta sobre a possibilidade de importar anidro para garantir o atendimento ao consumo interno.
Quantas usinas sucroenergéticas da região Centro-Sul do País deverão estender a safra para moer a cana-de-açúcar disponível?
Antonio de Padua Rodrigues – Entre 20 a 30 unidades sucroenergéticas irão processar cana-de-açúcar até março de 2016. Elas ficam basicamente nos estados do Paraná, Mato Grosso e em São Paulo, na região de Araçatuba.
Essa extensão de safra irá garantir o atendimento de etanol no mercado interno?
Rodrigues – Maior. Garante oferta maior. Muitas empresas [usinas], cerca de 70 delas, irão parar a moagem em 24 de dezembro. As 30 outras irão continuar porque há oferta de cana.
O sr. já havia adiantado que ficarão bisadas 30 milhões de toneladas de cana para a safra 2016/17.
Rodrigues – Sim. A moagem até a véspera de Natal [e a extensão da safra até março próximo] não inclui as 30 milhões de toneladas de cana bisada.
Como fica, então, a expectativa de moagem de cana no Centro-Sul nessa safra 15/16?
Rodrigues – Entre 600 a 605 milhões de toneladas de cana, incluindo a moagem das 20 a 30 usinas que estenderão a moagem até março.
As usinas sucroenergéticas da região Centro-Sul têm capacidade de moagem suficiente para a cana a ser ofertada na safra 16/17?
Rodrigues – Temos. É só começar mais cedo [a safra]. Este ano [a safra] começou 15 dias mais tarde. No ano que vem, começa mais cedo. Nesse ano perdeu-se muito tempo, o aproveitamento de safra foi baixíssimo, talvez não se chegou a 75% do tempo disponível de moagem. Agora, se chegarmos a 80% do tempo disponível [de moagem na 16/17], e começarmos mais cedo, haverá como moer toda a cana disponível.
Sobre etanol anidro: como já existe consumo maior de gasolina, há garantia de oferta de anidro [misturado na proporção de 27% no litro da gasolina?]. Precisaremos importar anidro?
Rodrigues – A princípio não precisa. Hoje a produção é compatível, mesmo que haja uma migração do consumidor do etanol hidratado para a gasolina, há anidro suficiente para atender a essa migração. Não precisa importar. Se tiver um problema climático que impeça processar a cana em novembro e em dezembro, aí, por conta das chuvas, existe a possibilidade de complementar a oferta interna com produto importado.
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