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Etanol tem potencial para desacelerar eletrificação de veículos no Brasil

Em abril a participação dos veículos elétricos nas vendas do setor automobilístico no país foi de 3,2%

Etanol tem potencial para desacelerar eletrificação de veículos no Brasil

“Apesar do crescimento acelerado em nível mundial e de representar uma alternativa mais sustentável, os carros elétricos ainda estão distantes da realidade brasileira. Os ganhos de sustentabilidade são poucos se comparados aos motores tradicionalmente utilizados no país, os flex, os custos de aquisição são elevados e a infraestrutura de recarga ainda está longe de ser suficiente. O fato é que o Brasil já conta com uma saída mais acessível, competitiva e tão limpa quanto os carros elétricos: o etanol. Não podemos abrir mão dessa nossa vantagem comparativa frente a outros países.” Essa é a avaliação de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Segundo Pires, o caminho para a eletrificação demanda uma série de adequações no setor de transporte, desde a infraestrutura de nossas estradas até as condições de acesso à essa tecnologia.

A participação dos veículos elétricos nas vendas do setor automobilístico no país ainda é ínfima. Segundo dados da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), o market share dos veículos leves eletrificados no Brasil, em abril, foi de só 3,2%.

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De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), cerca de 83% dos veículos vendidos em território nacional são flex fuel, equipados com motores capazes de operar com etanol hidratado ou gasolina em qualquer proporção. O fato dos modelos flex poderem rodar utilizando só o etanol, reduz exponencialmente o nível de emissões por quilômetro rodado.

Um estudo da montadora multinacional Stellantis revela que o carro a etanol no Brasil é um modal ainda mais limpo do que o carro elétrico na Europa. Já o carro elétrico nacional, levando em conta a matriz predominantemente renovável do país, seria a alternativa mais sustentável dentre as apresentadas. Entretanto, diferente do etanol, que é facilmente obtido no mercado brasileiro, os carros elétricos enfrentam sérios gargalos, que vão desde custo de aquisição, falta da infraestrutura de recarga, passando por eventual aumento da demanda por eletricidade, o que requer uma adequada gestão da carga e do armazenamento de energia.

Já o presidente da GM América do Sul, Santiago Chamorro, disse não há razão para que não possamos fazer elétricos também no Brasil, isso é um mito.

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“O nosso princípio é produzir onde vendemos, e nesse sentido claramente há uma possibilidade de que os elétricos, com o aumento de volume, estejam sujeitos a uma industrialização no Brasil”, disse Chamorro.

Segundo o executivo, “todos os elementos comuns, como freios, suspensão, pneus, rodas, vidros, bancos etc. nós já fazemos. Todo o processo de usinagem que já temos para unidades de propulsão pode ser adaptado. Então é possível, sim, pensar nisso”.

Com relação ao alto custo e complexidade na fabricação de baterias, Chamorro avalia que essa dificuldade não inviabiliza a produção do carro elétrico nacional, pois “a montagem das células, dos packs e dos módulos e sua instalação na plataforma é algo que também podemos fazer localmente, além da estampagem dos metais desse processo”, disse.

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