A política de redução de custos é importante em qualquer segmento empresarial. No setor bioenergético, ela tem se mostrado essencial, para garantir a viabilidade do empreendimento. Setor habituado a conviver com as agruras das intempéries climáticas, as quais fogem do seu controle, os produtores voltam suas atenções para medidas, que estão dentro da sua capacidade de atuação, e que podem trazer resultados cada vez mais significativos.
“Estratégias para Redução de custos Agrícolas” foi o tema do webinar realizado ontem, dia 23 de fevereiro, as “Quartas Estratégicas” promovidas pelo JornalCana e que contou com a participação de Alexandre Menezio, fundador e diretor de Novos Negócios da Aliança SCA, Marcelo Contó, diretor de Supply & ESG da UISA, Raphael Delloiagono, analista do Pecege e Thiago Péra, coordenador do Grupo Esalq-Log, que ao longo do seminário apontaram caminhos a serem percorridos para se atingir a tão almejada redução de custos.
Sob a condução do jornalista do JornalCana, Alessandro Reis, o webinar contou com patrocínio das empresas AxiAgro, HRC e S-PAA.
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Para Alexandre Menezes da SCA, grupo de compras de insumos que nasceu na indústria da cana, cujos clientes processam cerca de 60 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, um dos caminhos está na redução dos custos no momento da compra de insumos.
“Cerca de 80% do gasto operacional de nossos clientes agroindustriais estão basicamente em agroquímicos, diesel, fertilizantes, lubrificantes automotivos e insumos industriais. No caso do diesel, por exemplo, avaliamos os impactos da taxa de câmbio, do petróleo, do biodiesel para que a gente possa estar o tempo todo muito focado em acompanhar e passar essas informações para os nossos clientes. Então, basicamente é isso que a gente faz aqui na Aliança, abastecendo nossos clientes com informações do mercado e compartilhando o melhor momento de acessar a mercadoria. Nesse último ano foram 90 milhões de reais, ou seja, nossos clientes deixaram de desembolsar 90 milhões de reais ao adquirir os insumos que a gente negocia”, contou.
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Marcelo Contó, da UISA, localizada em Nova Olímpia – MT, destacou alguns pontos importantes para a política de redução de custos na usina: localização privilegiada e sem competição por cana; liderança de mercado: marcas de açúcar e cadeia logística de qualidade ímpar; diversificação com outros produtos comercializados; time de gestão qualificado e experiente; cadeia logística distinta Inbound & Outbound e governança corporativa sólida e transparente.
“Falando da localização, nós temos uma baixa competição regional, são poucas usinas que estão no Mato Grosso e a usina de maior capacidade e processamento é UISA. Então, é uma barreira natural para entrantes. Em contrapartida, a nossa logística para distribuir esse açúcar lá é complexa”, elucidou.
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Raphael Delloiagono, analista do Pecege, apresentou uma prévia dos custos da safra de cana-de-açúcar 2021/22 na região Centro-Sul, que se encerra agora em março. O levantamento foi feito em 21 grupos, abrangendo 47 unidades sucroenergéticas distribuídas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e também do Mato Grosso do Sul, uma mostra que contempla 100 milhões de toneladas de cana-de-açúcar moída nesse período.
“Há dois pontos que foram muito relevantes pelo aumento de custos durante a safra: o óleo diesel subiu sensivelmente durante esse período de 3,58 para quase 4 ,50. Tivemos uma variação próxima de 25% entre uma safra e outra. Isso acaba atingindo de forma muito intensa todos os custos com maquinários”, disse.
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Segundo o analista, além dos aumentos nominais de salários, a elevação dos custos com maquinário estimulou o aumento de operações manuais no campo.
O custo da cana de terceiros também sofreu aumento acentuado com a elevação do preço do ATR (57,4% no Consecana SP). “Neste sentido, usinas com maior participação de cana própria foram capazes de aproveitar o bom momento de preços no mercado de açúcar e etanol e se beneficiar com a geração de caixa”, comentou.
O coordenador do Grupo Esalq-Log, Thiago Péra falou sobre gestão da logística in-bound tem como desafio responder em quais regiões deve-se produzir cada classe de variedades de cana-de-açúcar, quando devem ser plantadas, colhidas, quais os tipos e a quantidade dos equipamentos e pessoas que devem ser alocados para realizarem as operações agrícolas e como realizar essa operação, tendo como objetivo principal atingir o menor custo possível do ATR entregue nas usinas
Entre as tendências tecnológicas ele destacou a implantação das torres de controle logísticos e também trouxe alternativas como a utilização do transporte ferroviário, que já chegou a ser utilizado no passado. “O momento é oportuno, pois já existe a liberação para se construir pequenas malhas ferroviárias também através do aproveitamento das malhas ferroviárias já existentes, como na região de Ribeirão Preto – SP”, afirmou.
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O webinar também contou com a apresentação de um case da Usina São Domingos, que obteve uma redução no tempo de abastecimento de insumos nos tratores agrícolas, através da plataforma Axiagro, com uso de inteligência artificial e telemetria.
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