Tarcilo Rodrigues, diretor da comercializadora Bioagência, explica os motivos pelos quais o déficit de açúcar no mercado mundial, em 2016, não deverá favorecer tanto as usinas de cana-de-açúcar brasileiras.
Conheça a seguir as explicações do especialista.
Em sua opinião, qual o déficit mundial previsto de açúcar na safra 15/16?
3,3 milhões de toneladas
Esse déficit deve aumentar?
Sim. Até a safra 17/18, deveremos chegar a um déficit mundial de 25 milhões de toneladas
Isso ajudará as usinas sucroenergéticas brasileiras?
Não é estratégico derrubar estoques. Teremos de ampliar a oferta, mas qual é o nível de preço que estimulará a produção de açúcar? Qual o preço que irá fazer a oferta marginal aparecer no Brasil?
Explique mais, por favor.
Temos uma dívida grande no setor sucroenergético. Por alguns anos, não haverá oferta nova de açúcar, e nem estou falando aqui da competitividade do etanol. Cobrir esse gap (25 milhões de toneladas) será muito difícil por conta do preço.
Mas e os estímulos?
Sim, teremos estímulos dentro das limitações, mas a situação das usinas é desarrumada. Primeiro elas têm que acertar as contas, alongar as dívidas. Primeiro o dinheiro novo será para acertar gargalos. Há uma série de [compromissos] antes da expansão. A situação é bastante diferente diante o déficit criado.
Os preços não têm subido?
[É preciso lembrar] que o mercado, dado a situação de estoque, vem de preços decrescentes. No último trimestre desse ano, via taxa de câmbio, os preços têm ajudado mais o Brasil. [Na semana encerrada em 16/10 a tonelada, em Nova York, estava cotada em R$ 1,2 mil, para uma média de produção na usina de R$ 864 por tonelada].