Usinas

Encontro debate finanças do setor bioenergético

Boa gestão administrativa é apontada como saída para endividamento do setor

Encontro debate finanças do setor bioenergético

Endividamento do setor, qualidade de gestão, melhor aproveitamento dos recursos hídricos, eficiência agrícola, onda de recuperação judicial, foram alguns dos temas abordados em webinar realizado recentemente, que tratou da questão das finanças do setor energético.

Hugo Cagno Filho, diretor Executivo da Usina Vertente e presidente da UDOP, explicou que o endividamento do setor teve origem em erros estratégicos durante o período do Proálcool. Ele enfatizou que priorizar veículos movidos exclusivamente a álcool, em vez de desenvolver carros flex, foi uma decisão incoerente e irresponsável na época.

LEIA MAIS > Pioneirismo: Drul lança novas soluções durante a 2ª edição do Encontro Drul para o mercado da cana e bioenergia

Hugo Cagno

Segundo Cagno, a administração competente é fundamental para lidar com os altos e baixos do setor agropecuário. Ele observou que a entrada de multinacionais trouxe uma mudança significativa, pois essas empresas são mais proficientes na gestão financeira e operacional.

Promovido por uma plataforma online, o webinar além de Cagno, contou com a participação de Glauber dos Santos, gerente Comercial e Marketing do Pecege Consultoria e Projetos; Marcos Françóia, diretor da MBF PARTNERS Consultoria; Ricardo Pinto, presidente da Consultoria RPA e Kleber Albuquerque, diretor Agroindustrial da São José Agroindustrial, PE.

Marcos Françóia

Marcos Françoia, diretor da MBF PARTNERS Consultoria, atribuiu o endividamento atual a investimentos excessivos durante o Proálcool, quando muitas empresas utilizaram recursos próprios e enfrentaram dificuldades para honrar seus compromissos ao longo do tempo.

LEIA MAIS > Unidades da Tereos recebem Selo Energia Verde da UNICA

Ricardo Pinto

Ricardo Pinto, presidente da Consultoria RPA, alertou sobre uma nova onda de empresas em recuperação judicial, destacando uma reversão recente na crise, porém prevendo desafios futuros para o setor.

“Em janeiro de 22 estávamos com 103 usinas em RJ. Em fevereiro de 2016 eram 67. Mas a boa notícia é que estamos agora em abril de 24 com 90 usinas, ou seja, essa onda da segunda grande crise que afetou o setor está se revertendo. A péssima notícia para todos nós, no entanto, é que deveremos ter uma terceira onda”, advertiu.

Glauber dos Santos, gerente Comercial e Marketing do Pecege Consultoria e Projetos, enfatizou a evolução tecnológica na produção de cana-de-açúcar, ressaltando a importância da eficiência no manejo e na utilização dos recursos.

LEIA MAIS > Safra de cana 2024/25 entra em campo com risco de perder produtividade

Glauber dos Santos

“O vegetal evoluiu do ponto de vista de novas variedades, novas tecnologias que vêm surgindo seja do ponto de vista de manejo que a gente foi aprendendo e descobrindo como tratar. Para resumir, a palavra fundamental é a questão de eficiência”, disse.

Hugo Cagno também defendeu a outorga de terras para grandes projetos de irrigação. Segundo Ricardo Pinto, apenas 12% dos aproximadamente 9 milhões de hectares, contam com irrigação plena.

Kleber Albuquerque

Além disso, Hugo Cagno defendeu a necessidade de outorga de terras para grandes projetos de irrigação, observando que apenas uma pequena porcentagem das terras disponíveis possui sistemas de irrigação eficientes.

LEIA MAIS > Sistemas de irrigação começam a se consolidar em São Paulo

Kleber Albuquerque, diretor Agroindustrial da São José Agroindustrial, destacou a importância da irrigação na região Centro-Sul e a necessidade de investimentos para maximizar o aproveitamento da água, mencionando a mudança de percepção em relação aos projetos de irrigação.

“Passei quase 16 anos na região Centro -Sul e quando a gente falava em projeto de irrigação diziam que era coisa de nordestino. No entanto, não podemos ficar desprotegidos e precisamos investir em sistemas a fim de obter um maior aproveitamento da água”, afirmou.