A Embrapa marcou presença na 16ª Reunião do Grupo de Trabalho Intersessional sobre a Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes de Navios.
O evento, realizado na sede da Organização Marítima Internacional (IMO) em Londres, Reino Unido, entre os dias 11 e 15 de março de 2024, testemunhou a contribuição significativa do Brasil para o debate global sobre a descarbonização do transporte marítimo.
A convite da Marinha do Brasil, Renan Milagres Novaes, analista da Embrapa Meio Ambiente, representou o conhecimento científico do país neste fórum técnico crucial, antecedendo a 81ª sessão do Comitê de Proteção do Meio Ambiente Marinho da IMO. Sua participação foi marcada pela apresentação da proposta brasileira para a sustentabilidade e manejo de mudança de uso da terra na avaliação de biocombustíveis para o transporte marítimo internacional.
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Novaes teve o privilégio de oficialmente apresentar a proposta brasileira no auditório principal da IMO, diante de uma audiência diversificada composta por representantes de vários países, associações empresariais e organizações não governamentais. Além disso, desempenhou um papel crucial na formulação das posições do Brasil em relação às diretrizes de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), uso da terra e critérios de sustentabilidade.
A presença e o engajamento da Embrapa neste contexto são de suma importância, considerando os esforços globais para reduzir as emissões de GEE no transporte marítimo internacional. O transporte marítimo internacional é responsável por cerca de 3% das emissões globais de gases de estufa anualmente, com a vasta maioria sendo proveniente de fontes fósseis. É imperativo que essas emissões sejam drasticamente reduzidas nas próximas décadas para cumprir as metas de descarbonização estabelecidas pela IMO em 2023.
A IMO, como agência especializada das Nações Unidas, tem como objetivo principal a prevenção da poluição pelo transporte marítimo internacional. As metas de descarbonização estabelecidas pela IMO representam um passo significativo nessa direção, exigindo a colaboração ativa de especialistas para garantir que as políticas adotadas reflitam as melhores práticas e avanços em sustentabilidade e redução de emissões de GEE.
A participação da Embrapa neste processo é estratégica, dada a importância do Brasil como um grande usuário e potencial fornecedor de soluções para a descarbonização do transporte marítimo. O país possui um papel crucial a desempenhar na produção de biocombustíveis sustentáveis, especialmente no transporte marítimo de commodities.
Apesar das oportunidades apresentadas, o setor de biocombustíveis no Brasil enfrenta desafios, como os critérios de sustentabilidade estabelecidos pela IMO, incluindo a contabilização das emissões ao longo do ciclo de vida completo dos combustíveis e a restrição de biomassas provenientes de áreas desmatadas após 2008. A Embrapa está envolvida nas discussões sobre a aplicação desses critérios, incluindo a questão da mudança indireta do uso da terra (ILUC).
Renan Milagres Novaes enfatizou a importância da política para o Brasil, que é altamente dependente do transporte marítimo para exportar commodities e tem o potencial de fornecer alternativas aos combustíveis fósseis. Ele destacou que, embora as commodities possuam baixo valor agregado, são sensíveis aos custos do frete internacional, tornando essencial a busca por soluções de transporte mais sustentáveis, como os biocombustíveis.