A safra 2023/24 da cana-de-açúcar segue em andamento e tem data para acabar. Segundo projeções, as unidades devem encerrar suas atividades em dezembro no Centro-sul e, em meados de março de 2024 no eixo Norte-Nordeste. Na região Nordeste, os produtores já se preparam para os plantios de verão que ocorrem justamente nas épocas mais secas do ano.
Enquanto isso, a atividade do El Niño nas regiões Norte e Nordeste tem repercutido na redução de chuvas e seca severa, registrando ondas de calor cada vez mais frequentes e intensas. Estes eventos são um indicativo de alerta para proteger a lavoura dos efeitos das adversidades climáticas e, para a cana-de-açúcar, o cuidado é o mesmo.
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Todos os anos, o plantio de verão é realizado no período de outubro a dezembro, adotado por diversos produtores e usinas da Região Nordeste como estratégia para programar a colheita para o início da próxima safra. Acontece que, normalmente, este período é marcado por altos índices de radiação solar, baixa precipitação e médias de temperaturas em torno de 35º C devido a transição entre as estações da primavera e o verão.
Todavia, com a chegada do fenômeno, temperaturas em torno de 37 ºC e sensação térmica de até 40 ºC são uma realidade, assim como índices de evapotranspiração diária permeando entre 7 a 8 mm/dia, umidade relativa abaixo de 60% e ausência de chuvas por mais de 10 dias. Estes veranicos são o bastante para elevar os índices de déficit hídrico, acentuando o declínio no armazenamento de água no solo que necessita de reposição. Isso significa que os canaviais neste período tendem a sofrer de modo mais intenso o impacto da baixa disponibilidade hídrica e de altos índices de radiação solar, coincidindo com as fases iniciais da cultura.
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As consequências são a redução da capacidade fotossintética da planta e o desregulamento osmótico dos estômatos causando limitações nas tocas gasosas que, em outras palavras, afetam o metabolismo da planta ocasionando disfunções que impactam negativamente a cultura no que diz respeito ao seu perfeito desenvolvimento em cada estágio. Assim, quão mais intenso e quanto mais o estresse hídrico prolonga-se, sobretudo, quando se atinge as fases perfilhamento e o início do desenvolvimento vegetativo, maiores serão as reduções no potencial produtivo do canavial que pode chegar a perdas maiores que 70%, ocasionando a elevação dos custos de produção.
Dessa maneira, a produtividade é afetada uma vez que o impacto negativo sobre a planta é capaz de reduzir drasticamente a formação de biomassa, repercutindo em menores taxas de crescimento dos colmos e rendimento de sacarose, causando as quebras de safra. Mas, a pergunta é: como atenuar os efeitos do estresse hídrico causados por eventos meteorológicos sobre o canavial, sobretudo, nestes períodos marcados por veranicos e fortes ondas de calor?
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Uma das principais estratégias tem sido a adoção de tecnologias de irrigação. Mas, é primordial que o tipo e o sistema de irrigação assim como o manejo atendam as especificidades da cultura e promova a reposição de água de maneira sustentável, ou seja, repondo ao solo apenas o que a planta necessita diariamente com o mínimo de perdas. Este é o conceito de irrigação inteligente, adotado pela Netafim, implementado nas tecnologias da irrigação localizada por gotejamento. Assim, é possível reduzir os efeitos das adversidades climáticas sobre os processos metabólicos da cultura. Contudo, vale ressaltar que, a irrigação não só possibilita a homogeneidade do crescimento inicial e o estabelecimento do estande, como também promove maiores rendimentos de sacarose e, é possível otimizar o planejamento da colheita, já que através da irrigação é possível manter o canavial por mais tempo no campo.
Por Dávilla Alves, especialista agronômica da Netafim