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Efeito agro: redução da desigualdade social

Confira artigo de Jacyr Costa Filho

Jacyr Costa
Jacyr Costa

Principal motor da economia brasileira, o agronegócio deve fechar 2023 com 24,5% de participação no crescimento nacional, ligeiramente abaixo dos 25% registrados em 2022. Esse desempenho, consistente a longo prazo, começa a impactar na redução da desigualdade, um objetivo da sociedade brasileira.

Regiões agrárias baseadas, por exemplo, nas culturas da soja, milho, algodão, cana-de-açúcar e na pecuária passaram a apresentar crescimento no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), chegando muito perto da média nacional, de 0,752 e se aproximando dos índices das regiões Sul e Sudeste, as mais desenvolvidas do país. O IDH é uma referência numérica que varia entre 0 e 1 e afere o grau de desenvolvimento nos quesitos de educação, saúde e renda.

O continuo crescimento econômico nos estados que respondem por mais da metade da produção agropecuária brasileira já se reflete de forma mais acentuada também na queda da desigualdade social medida pelo índice de Gini, criado para medir o grau de concentração de renda.

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A região Centro-Oeste, por exemplo, devido ao forte crescimento do agro, caminha velozmente para ter a menor desigualdade do Brasil, tendo ultrapassado a região Sudeste. O Mato Grosso por exemplo, já é um dos estados menos desiguais do país. Não será surpresa se, até 2030, o índice Gini do Centro-Oeste ultrapassar o do Sul e se tornar o maior do País.

Há mais de 15 anos, a pesquisadora Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes, professora e pesquisadora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) anteviu esse cenário em diversos estudos e projetou que o crescimento do agronegócio significaria mais emprego, renda e menor desigualdade. Márcia sempre utilizou como parâmetro o etanol que, segundo ela, gera mais empregos e de forma mais descentralizada do que o petróleo, que tem seus impactos concentrados no litoral, próximo das áreas de exploração, enquanto que o biocombustível se espalha pelo interior.

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Ela mostra que um aumento de 10% na área de cana gera elevação imediata do PIB médio per capita de US$ 76. A existência de uma planta industrial de açúcar ou etanol no município eleva o PIB médio per capita no ano de instalação da usina em US$ 1.098, enquanto o PIB das 15 cidades mais próximas tem acréscimo médio de US$ 458. Após dez anos de instalação desta planta, o aumento no PIB médio per capita é de US$ 1.029 no próprio município e de US$ 324 para os 15 vizinhos mais próximos.

Agora, o país e seu pujante agronegócio estão diante de uma nova fronteira agrícola na região do Matopiba, que reúne o sul do Maranhão e do Piauí, o oeste da Bahia e o norte de Tocantins. Em alguns anos, esta região outrora paupérrima será a nova referência em termos de desenvolvimento social.

Estimular o Agronegócio é a melhor política pública para acelerar de maneira sustentável o crescimento social.

*Jacyr Costa Filho é presidente do Cosag – Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp , sócio da Consultoria Agroadvice e conselheiro de empresas.