Uma estimativa de redução de 10 a 15% na safra 2023/24 e a perspectiva de que a produção se repita na safra 2024/25 no mercado sucroenergético da Índia, que não deverá ser um exportador de açúcar nos próximos dois anos.
Essas foram algumas das impressões relatadas pelos dirigentes da Usina Batatais e da Cevasa, após retornarem de visita comercial ao país asiático com a maior população mundial, estimada em 1,4 bilhão de habitantes.
O grupo, formado por Bernardo Biagi Filho, Leandro Martignon e Rafael Couto, participou de uma delegação comercial, organizada pela StoneX, que visitou a Índia entre os dias 26 de janeiro e 6 de fevereiro.
A viagem teve como objetivo entender a situação atual do setor sucroenergético indiano e as perspectivas para os próximos anos.
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No primeiro dia, a comitiva conheceu o Vasantdada Sugar Institute (VSI), instituto indiano localizado em Pune, no estado de Maharashtra. Trata-se de uma organização autônoma (financiada por um grupo de produtores) e um dos principais centros de pesquisa sucroenergética, atuante no desenvolvimento científico, técnico e educacional do setor.
“Não haverá expansão de área de plantio de cana nos próximos anos devido à indisponibilidade de terras, por isso estão pesquisando melhores variedades para aumentar a produtividade, a irrigação e aumentar a colheita mecânica; a cana é a cultura que melhor remunera o produtor”. Essas foram algumas das informações obtidas no Instituto.
O roteiro da viagem incluiu reuniões no Consulado Geral do Brasil, em Mumbai, e com a diretoria da Shree Renuka Sugars, quinta maior produtora mundial de açúcar e a maior produtora de etanol da Índia, e visitas a usinas e refinarias como a Baramati e a Shri Dutt, visitas ao Porto de Mundra, em Kandla, o maior porto indiano, com área de 35 km2 e 44 km de costa e à ISMA, principal organização de açúcar na Índia, com 184 usinas privadas associadas e que estabelece a principal ligação entre o governo e as indústrias açucareiras no país.
Para o diretor comercial da Usina Batatais, Leandro Martgnon, foi uma visita gratificante.
“Tivemos a oportunidade de conhecer o setor produtivo e as refinarias, que são as grandes compradoras do VHP brasileiro. Conhecemos pessoas envolvidas na pesquisa tanto da tecnologia canavieira como também no levantamento de dados e também pudemos propor soluções”, ressaltou.
O gerente de produção da usina Cevasa, Rafael Couto, observou que, “embora atrasados tecnologicamente na área agrícola, em relação ao Brasil, por conta da escassez hídrica, eles são bem eficientes energeticamente. Eles têm uma excelente eficiência energética na indústria, um consumo específico de vapor bem baixo. A falta de água faz com que precisem ser mais eficientes termicamente e energicamente”, avaliou.
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Bernardo Biagi Filho, gestor do COA, na Usina Batatais, destacou a atenção dispensada pelo consulado brasileiro e o conhecimento das políticas públicas adotadas na Índia, que incluem subsídios para a manutenção das pessoas na área rural.
“O cônsul explicou que a Índia vem crescendo muito e que o setor sucroenergético realmente passou a fazer parte dos planos de governo. Além disso, resolveram dois problemas: reduzir importações de petróleo devido ao aumento da produção de etanol e garantir renda para o produtor rural (hoje a cana remunera melhor que outras culturas). Além de já serem o país maior consumidor de açúcar do mundo, esse consumo anual ainda tende a aumentar”, disse Biagi.