A combinação de alta produtividade e alta dos preços no mercado, verificada neste ano, reflete um momento extremamente positivo para as usinas, afirma o diretor comercial da Usina Alta Mogiana, Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo.
Ele adverte, no entanto, que essa alta que vem sendo verificada no mercado de açúcar, tem data para acabar.
“Não sei dizer se é em um ano, se são dois anos, mas, mais cedo ou mais tarde, vamos ter uma normalização, equalização entre oferta e demanda de açúcar e as margens vão voltar para patamares mais próximos do histórico”, disse ao JornalCana nos bastidores do 17ª edição do Encontro Anual de Açúcar e Álcool, realizado pelo banco Citi, no dia 5 de outubro.
E quando isso acontecer, para ele, a saída é tornar o etanol mais competitivo, com o retorno do motor movido exclusivamente ao biocombustível.
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“Durante esse período, temos muito trabalho para fazer para que o etanol realmente se torne mais competitivo do que é hoje. Por isso, que eu, particularmente, e a Alta Mogiana também, temos advogado muito a favor do carro com motor puro a etanol, porque o nosso entendimento é que esse motor vai trazer mais eficiência energética, trazendo um benefício claro para o consumidor desse veículo”, afirmou.
“Além da possibilidade de contar com o IPVA menor do que um carro a combustão a gasolina ou flex, ele ganha com eficiência energética, ou seja, uma economia de combustível muito maior do que o carro flex, que tem essa ineficiência de ter que trabalhar com dois combustíveis e não ser otimizado nem para um e nem para outro”, avalia Figueiredo.
O diretor ressalta que é importante dar o pontapé inicial para que o motor a etanol seja revivido. Ele lembra que já tivemos o motor a etanol representando mais de 95% das vendas de veículos leves do Brasil, numa época em que a tecnologia ficava devendo em relação aos carros à gasolina, o que não é verdade hoje.
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“Problemas de nascença do carro puro a etanol de 30 anos atrás, já foram todos equacionados. É preciso fazer com que o consumidor enxergue os benefícios ambientais e também mercadológicos de eficiência desse veículo para que ele se torne um carro chefe da indústria automobilística nacional e, quem sabe, essa tecnologia não possa servir de modelo para outros países, sejam eles países aqui da América Latina ou de países que também têm uma produção de etanol relevante”, defende.
E por falar em produção relevante, a expectativa da Alta Mogiana para esta safra é de uma moagem recorde na faixa de 7,5 milhões de toneladas de cana.
“Com esse excesso de cana na região de Ribeirão Preto (SP), as usinas estão equacionando excesso de capacidade, com outras usinas que têm condições de moer essa cana. Diante disso, a gente conseguiu fazer aquisições de matéria-prima de outros produtores vizinhos com a possibilidade de moer 7,5 milhões através da aquisição de 500 mil toneladas de diversos players da região”, explicou Figueiredo.
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Para todas as unidades do grupo, a expectativa é que a moagem chegue pela primeira vez a 20 milhões de toneladas. “Se o clima permitir, porque no Estado do Paraná onde temos três unidades, o clima também foi excepcional e, consequentemente, com aumento de produtividade enorme. Então, cana existe, a dúvida é como fazer para que essa cana seja moída. Esse é o grande desafio”, diz.
Com relação à diversificação na produção, Figueiredo avalia a necessidade de muitos estudos para definir qual virá a ser esse quarto produto das usinas. “Começamos lá atrás com etanol, depois veio o açúcar, depois veio a cogeração, mas existe espaço para um quarto produto. Quando falo de um quarto produto, falo de um produto que tenha relevância econômica, com possibilidade de fazer diferença significativa no faturamento das empresas”, ressaltou.
De acordo como executivo, chegar nesse quarto produto é um desafio por vários motivos. “Primeiro porque, não necessariamente o que pode ser produzido numa usina A, seja a solução na Usina B. Porque isso vai depender da localização dessa usina, do mix dessa usina, da qualidade de cana dessa usina, da sobra ou não de vapor dos equipamentos dessa usina, enfim, de uma diversidade de fatores, que vão talvez direcionar algumas usinas para alguns produtos e outras usinas para outros produtos. O biogás pode ser um desses produtos, mas talvez não seja para todos. A definição desse quarto produto, talvez seja o grande desafio estratégico para o setor”, ponderou Figueiredo.