O ritmo das negociações envolvendo o açúcar cristal branco foi calmo no mercado spot paulista no início de junho, e a demanda não mostrou sinais de aquecimento mostrou a análise agromensal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, divulgada na última semana.
A produção do açúcar chegou a ser interrompida em alguns dias da primeira quinzena, devido às chuvas, contexto que deu suporte aos preços da saca do cristal. Já a partir da segunda quinzena, os valores médios do açúcar cristal branco registraram queda.
O clima seco deu impulso à produção nas usinas, aumentando a oferta de lotes do cristal branco para pronta-entrega, em especial o tipo Icumsa 180, e houve aumento na liquidez.
Outros fatores que exerceram pressão sobre as cotações domésticas do cristal branco foram as desvalorizações dos contratos externos do demerara e do dólar.
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O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou baixa de 5,94% em junho, fechando a R$ 139,89/saca de 50 kg no dia 30. A média mensal foi de R$ 144,99/saca de 50 kg em junho/23, baixa de 2,57% em relação à de maio/23 (R$ 148,82/sc), mas alta de 13,39% frente à de junho/22 (R$ 127,87/saca de 50 kg), em termos nominais.
Segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (UNICA), na primeira quinzena de junho, foram processadas 40,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, contra 38,67 milhões no mesmo período da safra 2022/23, avanço de 4,2%.
No acumulado da safra 2023/24 (de 1º de abril até a primeira quinzena de junho), a moagem atingiu 166,31 milhões de toneladas, ante 146,06 milhões de toneladas registradas no mesmo período no ciclo 2022/23, aumento de 13,87%.
A produção de açúcar na primeira quinzena de junho totalizou 2,55 milhões de toneladas, elevação de 18,71% quando comparada àquela registrada no mesmo período da safra 2022/23 (de 2,15 milhões de toneladas). No acumulado da temporada, a fabricação do adoçante totaliza 9,53 milhões de toneladas, contra 7,21 milhões de toneladas do ciclo anterior (+32,13%).
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NORDESTE – As negociações com açúcar no mercado spot estiveram em ritmo lento, e os preços, estáveis na primeira quinzena de junho. A partir da segunda quinzena, mesmo com a oferta restrita, a demanda seguiu retraída e os preços do açúcar caíram. Algumas usinas flexibilizaram os valores de negociação, no intuito de desovar estoques.
Segundo o Sindaçúcar-AL, Alagoas encerrou a safra 2022/23 com crescimento de 14,5% na produção de cana, sendo beneficiadas 20,8 milhões de toneladas pelas 15 usinas em operação, contra 18,2 milhões de toneladas na temporada passada. De açúcar, foram produzidas 1,5 milhão de toneladas, aumento de 8,7% frente à moagem passada (1,4 milhão de toneladas).
Quanto aos preços, em junho/23, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ para Pernambuco foi de R$ 163,89/sc de 50 kg, baixa de 1,43% frente a maio/23, mas alta de 6,05% em relação a junho/22, em termos nominais.
Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 160,63/sc, elevações de 0,36% na comparação com maio/23 e de 6% em um ano, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 157,61/sc, avanços de 0,41% em relação a maio e de 3,7% frente a junho/22.
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INTERNACIONAL
Na primeira quinzena de junho, a alta do açúcar demerara esteve atrelada a fatores climáticos (El Niño), que podem prejudicar as safras dos principais produtores mundiais. No Brasil, a antecipação das chuvas no período da colheita foi observada, enquanto na Índia e na Tailândia prevalece a seca. Analistas de mercado acreditam que o balanço mundial do açúcar terá dois anos seguidos de déficit.
Já a partir da segunda metade do mês, o temido impacto do El Niño na região do Centro-Sul, que traria chuvas no inverno tipicamente seco da região, não se concretizou. Com isso, a safra tem mostrado resultados acima das expectativas.
De acordo com o relatório da União da Indústria de Canade-Açúcar (UNICA), o ATR/tonelada de cana no acumulado na temporada 2023/24 aumentou significativamente, em 2,15% quando comparado ao do mesmo período do ano anterior. A boa safra brasileira, maior produtor mundial de açúcar, resultou em queda nas cotações internacionais.
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Cálculos do Cepea indicaram que em junho/23, as vendas externas do açúcar remuneraram, em média, 1,06% a mais que as internas. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Julho/23 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$81,37/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 62,99/tonelada.